JUSTIÇA

Pai de juíza que sucedeu Moro na Lava Jato é suspeito de pirataria industrial na Petrobras

Jorge Hardt Filho trabalhava para a empresa que teve diretores e presidente presos na operação comandada por Moro e Dallagnol
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 6 de abril de 2023

Foto: Romerio Cunha/Vice-Presidência da República/ Arquivo

Pirataria: o então vice-presidente Mourão em encontro com Stan Bharti. O fundador e chefe da Forbes & Manhattan faturou em cima de informações privilegiadas referentes a teconologia da Petrobras

Foto: Romerio Cunha/Vice-Presidência da República/ Arquivo

O presidente da Petrobras, Jean Paulo Prates, afirmou que seu gabinete irá promover uma investigação para apurar possíveis roubos de informações confidenciais da empresa.

A posição foi apresentada em primeira mão em entrevista ao Instituto Conhecimento Liberta logo após o executivo tomar conhecimento de que o engenheiro químico aposentado da estatal, Jorge Hardt Filho, estaria envolvido em um esquema de vazamento de documentos sigilosos da empresa.

A denúncia foi feita pelo jornalista Leandro Demori no site A Grande Guerra.

Segundo Demori, farta documentação sobre uma das patentes da Petrobras, a tecnologia Petrosix, foram parar nas mãos de agentes privados que tentaram pirateá-las para fazer negócios com suas concorrentes.

Fotos: Reproduções

Ngócios suspeitos: Jorge Hardt e a filha Gabriela, juiza que assumiu a Lava Jato quando Moro caiu

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O ex-engenheiro químico da Petrobras acusado de espionagem é pai da juíza federal Gabriela Hardt, substituta do ex-juiz Sérgio Moro na Lava Jato.

No final do ano de 2007, já afastado da Petrobras Hardt Filho recebeu uma liberação de acesso considerada incomum nos protocolos de segurança da companhia.

Com o passe livre, ele circulou com seu computador pessoal pela Unidade de Industrialização de Xisto da petroleira, a Petrobras SIX, em São Mateus do Sul, no Paraná.

Na época, o ex-funcionário da estatal trabalhava para a consultoria Tecnomon e estava em um projeto de modernização da planta.

O engenheiro químico, quando na ativa na Petrobras, já havia trabalhado na unidade na época em que a Petrobras criou a Petrosix, considerada uma tecnologia mais eficiente e ecológica que as demais utilizadas em outros países para a extração de óleo e de outros derivados de pedras.

A pirataria

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Documento que liberou o ingresso do ex-engenheiro da Petrobras na estatal mesmo depois da sua demissão

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Mas foi no ano de 2008 que Hardt Filho e outros três funcionários aposentados tiveram acesso a informações privilegiadas referentes à tecnologia.

Eram “documentos classificados como corporativos, reservados e confidenciais” da Petrobras.

Na época, o pai da juíza começou a prestar serviços para a Engevix, uma das empreiteiras que foram alvo da Lava Jato. A operação chegou a prender diretores e o próprio presidente da Engevix por ordem do então juiz Moro.

O contrato da Petrobras com a Engevix era para lançar a Petrosix no mercado internacional. O foco dos negócios seriam Marrocos, Estados Unidos e Jordânia.

Diante do interesse do governo jordaniano, a Petrobras fechou acordo com banco canadense Forbes & Manhattan para dividir os custos dos investimentos necessários.

A Petrobras tomou conhecimento posteriormente que uma empresa formada por ex-funcionários da SIX e controlada pelo grupo Forbes & Manhattan, a Irati Energia, “estava divulgando no mercado global ser detentora de uma tecnologia que, nas palavras dele, era uma ‘Petrosix melhorada’”, escreveu Demori.

Em novembro de 2012, a Petrobras abriu investigação interna para apurar episódio de pirataria industrial.

“No relatório, a Petrobras salientou ainda que os contratados da Engevix João Carlos Gobbo, Jorge Hardt Filho e João Carlos Winck foram as pessoas que tiveram acesso às informações usadas ilegalmente pela Forbes & Manhattan”, relatou Demori.

As suspeitas ainda aumentaram quando os mesmos profissionais assinaram requerimento de patentes de um produto chamado “Prix”, o qual afirmavam ter mais de 30 anos de aprovação no mercado. O produto nunca existiu e era evidente que a referência era ao Petrosix.

Para Demori, chama a atenção que, apesar das evidências de pirataria, nada aconteceu com o pai da sucessora do atual senador da República pelo Paraná nas conduções da Lava Jato.

O acesso a essas informações, segundo o jornalista, “descambaria em investigações sobre pirataria industrial, uso indevido de documentos secretos, armações contra a petroleira e uma tentativa de vender um processo de transformação do xisto que seria uma cópia da Petrosix”.

Apesar de expirada como patente na época dos fatos, cerca de seis componentes do processo tecnológico da Petrosix ainda estavam protegidos legalmente.

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