OPINIÃO

Brasil off-line

Marcia E. Jochims Kniphoff da Cruz / Publicado em 22 de outubro de 2006

Todos concursos públicos, nas últimas décadas, têm sido extremamente concorridos. O concurso que aconteceu nos dias 9 e 10 de setembro, do município de Santa Cruz do Sul, foi um exemplo contundente da urgência e da necessidade de trabalho formal aspirado pela população. Foram 16 mil pessoas disputando as 444 vagas. Os cargos oferecidos somaram um total de 83, tendo, cada ocupação, uma prova objetiva diferenciada com questões relativas à especificidade correspondente, seguindo em futuras etapas a prova de títulos e a avaliação psicológica.


O diferencial do concurso esteve centrado na oferta de vagas para professores de computação com habilitação específica, ou seja, para licenciados em Computação, que pela primeira vez foi incorporado às vagas oferecidas em concurso do município.

A profissão de professor é conhecida há muito tempo, mas com formação específica para trabalho com computação está começando agora a ser disseminada e lentamente absorvida pelo mercado de trabalho. Porém, é uma profissão imprescindível, pois os dados apontados pelas diversas mídias atestam que, apesar da popularidade da Internet, o Brasil ainda não é um país on-line, não é, sequer, letrado na linguagem digital. O Comitê Gestor da Internet no Brasil divulga indicadores sobre a Internet no país, com dados de 2005, apontando que 68% da população brasileira nunca utilizou a Internet, que 26% da população brasileira a utiliza para trabalho e que apenas 8,85% da população aprendeu a utilizá-la em uma instituição formal de ensino (escola ou universidade).

Outras fontes indicam que 30% das profissões que deverão existir em 10 anos ainda não existem. Assim, afirma-se que educação de qualidade é aliada da sustentabilidade para um país em desenvolvimento, e que tecnologia deve estar dentro das salas de aula das escolas. Essa experiência já foi vivenciada pelos países asiáticos que são, hoje, potências mundiais. Considerando que o trabalho dignifica o homem, que, sem ele, não existem condições de subsistência e que a computação está presente em todos os setores da vida, dos meios de produção e consumo ao lazer e entretenimento, nada mais urgente do que o investimento sério da esfera pública e privada nos alicerces educacionais no tocante à ciência, à tecnologia e à humanização.

Espera-se que outros municípios e, inclusive, estados sigam o exemplo do município de Santa Cruz do Sul e absorvam o professor licenciado em Computação, pois, da “informática”, todos campos de trabalho necessitam.

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