JUSTIÇA

Ameaças de morte levam Jean Wyllys a abandonar mandato

Em entrevista a Folha de São Paulo hoje, 24, o deputado falou da violência que vem sofrendo e de sua decisão. A vaga na Câmara será ocupada por David Miranda
Por Redação / Publicado em 24 de janeiro de 2019

Foto: Ascom Jean Wyllys

Wyllys: “preservar a vida ameaçada é também uma estratégia da luta por dias melhores”

Foto: Ascom Jean Wyllys

O deputado Jean Wyllys (Psol/RJ), eleito para o terceiro mandato como deputado federal pelo Rio de Janeiro, abandonará seu mandato e deixará o país, segundo afirmou em entrevista hoje, 24, ao jornal Folha de São Paulo. A decisão se dá pelas sucessivas ameaças de morte que vem sofrendo e que se acirraram após o assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol/RJ), em março de 2018, quando ele passou a andar sob escolta policial. Em seu Twitter, ao divulgar o link da notícia, ele declarou: “preservar a vida ameaçada é também uma estratégia da luta por dias melhores”.

A notícia rapidamente ganhou as redes sociais e a comoção de seus correligionários e eleitores. “Jean Wyllys é um dos melhores parlamentares que este país já teve. Eu tenho profundo carinho, admiração e respeito por ele, sua história e suas lutas. A decisão de deixar o Brasil é sintoma dos tempos sombrios que vivemos, em que o ódio e a violência ganham o centro da política. Sei que Jean continuará a sua militância. E nós daremos continuidade às suas lutas no parlamento. Obrigado por tudo, meu amigo. Seguiremos juntos na busca por dias melhores”, escreveu Marcelo Freixo, deputado federal (Psol/RJ), em seu Twitter.

O presidente nacional do Psol, Juliano Medeiros, declarou: “A decisão do deputado Jean Wyllys de não assumir seu mandato em 2019, embora seja de caráter pessoal, expressa o contexto de deterioração da democracia brasileira. Um deputado que não se sente seguro para assumir o próprio mandato mostra que a democracia brasileira está UTI, já que essa decisão se deve a um contexto de ameaças, intimidação e perseguição política que ele tem sofrido”.

Foto: Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro

Miranda é homossexual e ativista da causa LGBT e do movimento negro. Foi o primeiro vereador gay a ser eleito para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro

Foto: Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro


SUPLENTE
– A defesa dos direitos da população LGBT continuará tendo representante no Congresso mesmo com o anúncio de Jean Wyllys de que abandonará seu mandato e deixará o país. Juliano Medeiros confirmou que a vaga de Wyllys será ocupada pelo suplente Davi Miranda (Psol/RS), que atualmente é vereador do Rio de Janeiro. Jornalista, Miranda tem 33 anos e é casado, desde 2005, com o também jornalista norte-americano Glenn Greenwald, do The Intercept, com quem tem dois filhos adotivos.

Assim como Jean, Miranda é homossexual e ativista da causa LGBT. Em 2016, ele foi o primeiro vereador gay a ser eleito para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Nascido na favela do Jacarezinho, David Miranda era amigo da vereadora Marielle Franco, assassinada no ano passado, e tem forte proximidade com o movimento negro.

Após a divulgação da decisão de Jean Wyllys, o vereador Carlos Bolsonaro (PSL/RS), filho do presidente Jair Bolsonaro, escreveu em seu Twitter: “Vá com Deus e seja feliz”. Já em seu Twitter, Jair Bolsonaro escreveu: “Grande dia”. Post que teve resposta de David Miranda: “Respeite o Jean, Jair, e segura tua empolgação. Sai um LGBT mas entra outro, e que vem do Jacarezinho. Outro que em 2 anos aprovou mais projetos que você em 28. Nos vemos em Brasília”.

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