AMBIENTE

Desmatamento do Cerrado cresce 13% em um ano

A devastação registrada equivale a quase cinco vezes a área da cidade de São Paulo e é o maior valor para o bioma desde 2015, quando foi observada uma devastação de mais de 11 mil km²
Por César Fraga / Publicado em 29 de dezembro de 2020
Fronteira agrícola e afrouxamento das políticas públicas estão entre as causas

Foto: Jose Cruz/Agência Brasil

Fronteira agrícola e afrouxamento das políticas públicas estão entre as causas

Foto: Jose Cruz/Agência Brasil

Após queda entre 2017 e 2018, o desmatamento no bioma Cerrado volta a crescer. Entre agosto de 2019 e julho de 2020 foram aniquilados 7.340 km² de vegetação nativa, alta de 13% em relação às perdas observadas nos 12 meses anteriores (6.483 km²). A devastação registrada equivale a quase cinco vezes a área da cidade de São Paulo e é o maior valor para o bioma desde 2015, quando foi observada uma devastação de mais de 11 mil km².

Os dados divulgados na segunda-feira, 28, são do projeto Prodes Cerrado, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O monitoramento do bioma é feito desde 2001, inicialmente a cada dois anos. Mas desde 2013 ocorre anualmente.

Neste ano, o Estado do Maranhão foi o que apresentou a maior área de desmatamento (1.836,14 km²), respondendo por 25% das perdas no bioma. O Maranhão foi seguido pelo Tocantins (1.565,88 km²) e pela Bahia (919,17 km²).

Causas

As principais ameaças ao Cerrado ocorrem pela expansão da fronteira agrícola, principalmente na região conhecida como Matopiba – palavra que junta as siglas justamente dos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. A taxa divulgada nesta segunda é o primeiro levantamento que corresponde integralmente à gestão Jair Bolsonaro e suas políticas ambienatais.

O aumento do impacto sobre o Cerrado é semelhante ao registrado na Amazônia no mesmo período. Dados também do Inpe divulgados no fim de novembro apontaram alta de 9,5% no último ano do desmatamento na floresta – maior taxa desde 2008. Entre agosto de 2019 e julho deste ano, a devastação da floresta alcançou 11.088 km², ante os 10.129 km² registrados nos 12 meses anteriores. A área devastada equivale a 7,2 vezes à da cidade de São Paulo.

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