AMBIENTE

Transição energética corre risco de ser somente mais um termo da moda

Há sete anos de se cumprirem as metas de descarbonização da energia no mundo, investimentos ficam muito abaixo do esperado
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 27 de novembro de 2023
Transição energética corre risco de ser somente mais um termo da moda

Foto: BCG/ Reprodução

Responsável por 41% das emissões globais de gases do efeito estufa (GEE), o setor de óleo e gás investe na sua globalidade 6,9 trilhões de dólares para a transição

Foto: BCG/ Reprodução

De tempos em tempos, a sociedade e o mundo corporativo adotam conceitos que entram em moda mas não necessariamente saem do papel. Pelo menos no ritmo que é desejado. É o caso da tão falada transição energética. Segundo estudo da consultoria Boston Consulting Group (BCG) apresentado na semana passada somente a metade do que é necessário para atingir as metas de descarbonização do planeta nos próximos sete anos foram anunciadas tanto por instituições públicas quanto privadas.

Ao todo são investimentos na ordem de 19 trilhões de dólares, diante dos 37 trilhões de dólares necessários até 2030 para se passar de uma matriz energética que usa combustíveis fósseis, como Petróleo, gás natural e carvão para fontes renováveis, como sol, água, vento e biomassa, que emitem menos gases de efeito estufa.

A recente divulgação do plano de investimentos da Petrobras que não está no levantamento da BCG por si só já deixa clara a realidade.

Às vésperas da COP28, a petroleira anunciou que dos 102 bilhões de dólares previstos para serem investido entre 2024 e 2028, 74,5 bilhões de dólares irão para petróleo e seus derivados, enquanto somente 5,2 bilhões de dólares para energia limpa.

Governos são os principais financiadores

A estatal que chegou a criar uma diretoria exclusivamente para se dedicar a processos de transição de sua matriz.

Segundo a BCG, hoje, os principais financiadores da transição energética no mundo são os governos.

Através de incentivos fiscais, os investimentos fomentados atingem cerca de 3,6 trilhões de dólares.

Para a consultoria, empresas de óleo e gás como a Petrobras têm mais capacidade de tornar viável a transição energética do que empresas de energia necessariamente.

Responsável por 41% das emissões globais de gases do efeito estufa (GEE), o setor de óleo e gás investe na sua globalidade 6,9 trilhões de dólares para a transição.

Já as elétricas investem, em conjunto com setores de serviços essenciais no dia a dia de casas, instalações e na indústria, chegam na ordem de 6,1 trilhões de dólares de investimentos.

Alavancas demoram para sair do papel

A BCG entende que existem cinco alavancas tecnológicas para ajudar a viabilizar a transição energética dentro das metas estabelecidas nos princípios do Pacto Global das Nações Unidas para 2030.

São elas: aumentar a eficiência energética; captura direta do ar;

combustíveis com baixo teor de carbono; eletrificação para consumidores finais, como veículos elétricos e descarbonização no fornecimento de energia.

No entanto, a consultoria, aponta em seu levantamento que, dos 18 trilhões de dólares em projetos que não saíram do papel, 8 trilhões de dólares deveriam ser destinados para a geração e transporte de energia renovável; 1 trilhão de dólares para construção de infraestrutura e 9 trilhões de dólares para o setor final de consumo, com iniciativas para mudanças de comportamento.

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