CULTURA

Os causos desenhados de Santiago

Publicado em 14 de novembro de 2017

O livro A menina do Circo Tibúrcio (Libretos, 59 páginas) é o segundo álbum de quadrinhos que o cartunista Santiago lança para contar causos desenhados de suas memórias de infância e juventude tanto na capital quanto nos arredores da sua cidade natal, no interior do Rio Grande do Sul, e que lhe empresta o nome artístico (leia abaixo). O nome de batismo é Neltair Rebés Abreu. O primeiro, foi Causos do Santiago, que saiu pela Editora Zarabatana em 2013.

“Eu queria fazer histórias em quadrinhos, pois já estava meio de saco cheio de fazer charges que morriam em um mês. Os quadrinhos têm uma vida maior. Mas eu não tinha bons roteiros, então pensei em contar algumas histórias que eu próprio vivenciei. Meus amigos desenhistas me diziam que deveria desenhar essas histórias que eu já contava verbalmente há anos. Então surgiram esses livros de causos desenhados”.

Quando perguntado se as histórias são reais, ele admite “floreios” e alguma “licença visual” nos cenários, mas que é tudo verdade e que se coloca mais como um observador, para poder traçar seus personagens, sempre em situações pitorescas ou bisonhas, em busca do humor dessas histórias.

Entre os causos do livro está o relato do dia em que o poeta Mario Quintana espantou um chato a golpes de guarda-chuva da redação do velho Correio do Povo, nos anos 1970 e uma crônica visual sobre os trens que cortavam os nossos campos no século 20, além, claro da história que dá título, em que recorda “um cirquinho pobre, porém colorido com sua atração mirim”.

Assim como o primeiro, este segundo álbum foi totalmente feito em aquarela, que segundo o autor, dá um tipo de coloração com maior transparência. “Acompanhei pessoalmente a impressão para me certificar que as cores não ficassem muito carregadas e mantivesse o máximo possível as características originais dos coloridos translúcidos e mais para tons pastel”, explica.

Ao todo são 34 histórias e uma história-bônus: um conto em quadrinhos extraído da obra de Simões Lopes Neto, com traço realista do Santiago, ainda com 20 anos, antes de definir seu estilo. O álbum também traz alguns esboços do material que entrou no livro antes de ser finalizado na seção batizada de Mêiqui nhófi.  O prefácio foi escrito pelo jornalista e humorista Fraga.

Charge Santiago

Charge Santiago

A trajetória de Neltair
Santiago nasceu Neltair Abreu em 1950 na cidade que lhe emprestou o pseudônimo, Santiago, que antigamente foi “Santiago do Boqueirão” na quase fronteira com a Argentina. Estudou Arquitetura na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Trabalhou por dez anos na Folha da Tarde, para o Coojornal (Cooperativa dos Jornalistas), Pasquim, revista Bundas, jornal Pasquim 21, jornal O Interior, jornal O Estado de S. Paulo, Jornal do Comércio e desenha atualmente para o jornal Extra Classe e revista Le Monde Diplomatique Brasil. Editou 18 livros de humor gráfico, sete destes com o seu personagem o gauchinho Macanudo Taurino.

Foto: igor Sperotto

Neltair Rebés Abreu, o Santiago

Foto: igor Sperotto

Foi premiado oito vezes no concurso do jornal Yomiuri Shimbun de Tóquio, sendo em uma ocasião o Grand Prix, o prêmio máximo, concorrendo com 16 mil desenhos do mundo inteiro. Venceu cinco vezes o Salão de Piracicaba e em 1992 foi presidente de honra do certame.

Ganhou por 20 vezes o prêmio de melhor charge editorial da Associação Rio-Grandense de Imprensa. Obteve o prêmio do Salão de Cartuns do Canadá, em 1987, e na Alemanha, em 1983. Arrebatou o primeiro lugar no Salão de Humor Anti Guerra, na Bulgária, em 1987. Premiado duas vezes no Salão Carioca de Humor, em 1997 e 2008.

Em 1987 a revista especializada em humor gráfico Witty World dos Estados Unidos colocou seu nome entre os dez melhores do mundo, junto com Quino, Aragonés, Sempé e Mordillo. Possui originais no Museu da Caricatura em Basileia, Suíça.

As charges mensais que desenha para o Extra Classe já lhe renderam oito premiações.

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