ECONOMIA

Reforma Trabalhista não gerou empregos

Pesquisadores da USP concluíram que as promessas de geração de 2 a 6 milhões de empregos não se concretizaram
Da Redação / Publicado em 18 de maio de 2022
Reforma trabalhista não gerou empregos

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Os pesquisadores compararam a taxa de desemprego do Brasil com a de outros 11 países da América Latina e Caribe que não passaram por mudanças nas leis trabalhistas

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Pesquisadores do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades (Made-USP) publicaram estudo que concluiu que a Reforma Trabalhista aprovada em 2017 não gerou empregos, conforme prometido.

“Não apresentou efeito estatisticamente significante sobre a taxa de desemprego”, diz o estudo.

O resultado da pesquisa derruba por terra a justificativa apresentada à época pelo governo Michel Temer, autor da “reforma”, de que se estimava que a flexibilização dos direitos dos trabalhadores criaria entre 2 e 6 milhões de empregos.

Estudo

Para chegar aos resultados, os pesquisadores Gustavo Pereira Serra, Ana Bottega e Marina da Silva Sanches compararam a taxa de desemprego do Brasil com a de outros 11 países da América Latina e Caribe que não passaram por mudanças nas leis trabalhistas no mesmo período.

Eles combinaram a taxa de desemprego e outras variáveis econômicas desses países, como crescimento do PIB, inflação, câmbio e juros, para criar o que chamaram “Brasil sintético”. Os países selecionados foram Bahamas, Bolívia, Chile, Colômbia, República Dominicana, Guiana, México, Nicarágua, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas e Trinidade e Tobago.

O resultado foi que, entre 2018 e 2020, as taxa de desemprego no Brasil real e no “sintético” tiveram comportamento similar.

“Os resultados obtidos não nos permitem afirmar que a reforma trabalhista de 2017 teve impacto significativo para o menor (ou maior) crescimento da taxa de desemprego no Brasil”, afirmam os pesquisadores.

Brasil real

Reforma trabalhista não gerou empregos

Fonte: Made-USP

Fonte: Made-USP

O gráfico, produzido pelos pesquisadores, indica que as quedas observadas na taxa de desemprego no Brasil entre 2018 e 2019 foram “relativamente maiores” do que no “Brasil sintético”. Mas no ano seguinte, as trajetórias de alta foram equivalentes.

Por fim, o Brasil real acabou ficando com desemprego levemente acima, na comparação com o país simulado, que não passou pelo processo de precarização dos direitos.

Comentários