EDUCAÇÃO

Liberato volta às aulas depois de um mês de greve

Publicado em 16 de julho de 2000

A Fundação Liberato Salzano, em Novo Hamburgo, permaneceu em greve de 6 de junho até o dia 6 de julho e não teve suas reivindicações atendidas pelo Governo do Estado. Quase 3 mil alunos ficaram sem aulas. A fundação é uma instituição pública de direito privado. Os salários dos professores são mantidos com verbas do governo e não têm reajustes há dois anos. Em Assembléia Geral realizada no último dia 5 de julho, professores e funcionários optaram por retornar as atividades no dia 7, mesmo insatisfeitos com a proposta de 3% apresentada pelo governo e sofrendo a pressão dos pais e dos alunos pelo retorno às aulas e continuidade da negociação sem greve.
A partir de fevereiro deste ano o Sinpro/RS (que representa os professores) e a Comissão

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Fotos:René Cabrales

Fotos:René Cabrales

de Mobilização da escola, vêm buscando um acordo junto aos negociadores da Secretaria de Administração. Porém, durante vários meses o reajuste proposto ficou em 0%. Este índice foi, inclusive, apresentado ao sindicato e à comissão pelo próprio secretário Jorge Buchabki, sob a alegação de que não havia dinheiro para atender o pleito dos 236 professores e funcionários da instituição.

Em abril, sequer houve reuniões, pois no auge da greve do magistério público as tratativas foram interrompidas, quando várias encontros foram cancelados e adiados por iniciativa da secretaria. Somente em maio foram retomados os diálogos. Mas, segundo a vice-presidente da Comissão de Mobilização, Maria Gladionice Pedrasini, os avanços só ocorreram nas questões referentes às cláusulas sociais sem qualquer manifestação oficial do governo em relação ao reajuste. “Devido à intransigência e ao descaso da secretaria nos sentimos desrespeitados como categoria”, diz a professora.

No dia 6 de junho, em Assembléia Geral, os professores e funcionários do Liberato resolvem pela paralização, pedindo 16,8% . Na mesma semana a Secretaria de Administração acena com o índice de 3% a partir de junho, não contemplando a retroatividade referente a dissídio da categoria que é março. Nova assembléia no dia 16 de junho e decide-se por permanecer em greve. O índice de reajuste pedido baixa para 13,9% com possibilidade de parcelamento. Mesmo assim o governo mantém os 3%, embora reconheça a data-base com índice retroativo a março e aumento de 60 centavos no vale-refeição. Mais uma vez os professores e funcionários rejeitam a proposta, que permaneceria praticamente a mesma para próxima reunião, quando os negociadores disseram não haver mais possibilidade de avanço, acusando os grevistas de intransigentes diante das dificuldades do governo. “Como podemos ser acusados de intransigentes? Fica muito difícil entender a falta de dinheiro para os professores, quando ao mesmo tempo o governo está pedindo junto à Assembléia uma suplementação orçamentária de 98 milhões sob a alegação de excesso na arrecadação. Há uma contradição clara”, reitera Maria Gladionice.

A assembléia realizada no dia 21 de junho manteve a greve, porém baixou novamente o índice para 10,3%, que seria a inflação correspondente ao período do governo Olívio Dutra. Os grevistas tentaram uma audiência com o vice-governador Miguel Rosseto, que é ex-aluno da Fundação, mas foi negada. Rossetto só reviu sua posição de receber os grevistas após sua negativa ter repercutido na imprensa, porém o encontro não trouxe fatos novos à negociação. O vice-governador reiterou a posição de Buchabki e endureceu nos 3%. De acordo com Marcos Fuhr, diretor do Sinpro/RS, qualquer tipo de acordo que implique em arroxo salarial terá sempre a resistência da categoria. “Além disso, queremos que o governo reconheça a importância estratégica da Liberato para o Estado. Porém, lamentamos a intransigência do Governo que está se mostrando indisposto ao diálogo”, complementa o sindicalista.

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