EDUCAÇÃO

Todos os sentidos

O acompanhamento de bebês e mães atendidos pela Associação de Deficientes Visuais de Novo Hamburgo (Adevis) motivou a professora e pesquisadora Regina Heidrich, a criar um recurso multissensorial
Por Gilson Camargo / Publicado em 2 de setembro de 2019

Foto: Solange Corrêa

A professora e pesquisadora Regina Heidrich desenvoleu o livro multissensorial Rebeca, que proporciona o acesso à leitura a crianças cegas, com visão subnormal ou com déficit intelectual

Foto: Solange Corrêa

O acompanhamento de bebês e mães atendidos pela Associação de Deficientes Visuais de Novo Hamburgo (Adevis) motivou a professora e pesquisadora Regina Heidrich, integrante do corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Diversidade Cultural e Inclusão Social da Universidade Feevale, a criar um recurso multissensorial para proporcionar às crianças cegas, com visão subnormal ou com déficit intelectual, a interação com o livro. “Queremos que elas consigam interagir, que aprendam e que gostem de ler”, diz a autora de Rebeca, que tem ilustrações de Maurício Hilgert. O livro é um dos cinco projetos classificados no 2º Concurso Nacional do Livro Tátil que irão concorrer ao Prêmio Typhlo & Tactus, de 17 a 19 de outubro, em Bruxelas, na Bélgica.

Os livros multissensoriais são desenvolvidos para crianças cegas ou com visão subnormal (baixa visão) e com déficit intelectual, em formato de vídeo com audiodescrição no YouTube, para propiciar interações através do tato, da audição, do olfato e a sinestesia para auxiliar o processo de construção do conhecimento. O texto é em Braile, com caracteres maiores, em negrito e com pictogramas. Todos são feitos manualmente. “As crianças cegas congênitas devem construir a imagem do mundo mediante o uso dos sentidos remanescentes (percepções auditivas, táteis, proprioceptivas e cinestésicas). Sabemos que os sentidos não funcionam de forma isolada e, ainda, que nenhum sentido tem a possibilidade de ser substituído, pois são singulares em sua percepção. Assim sendo, a percepção do espaço tátil no cego é diferente que a percepção do espaço visual pelo vidente”, explica.

A obra foi desenvolvida a partir do projeto de pesquisa SenseBook Livros Multissensoriais e apresenta atividades simples que irão auxiliar no desenvolvimento sensorial da criança em seu primeiro ano de vida. “As atividades propostas permitem uma primeira experiência de socialização e tornam-se determinantes para o sucesso da inclusão dessas crianças, principalmente no âmbito escolar”, ressalta a pesquisadora.

A iniciativa integra um projeto mais amplo, que visa à inclusão e à popularização dos livros multissensoriais nas escolas. Doutora em Informática na Educação, com atuação nas áreas de inclusão escolar, design inclusivo, acessibilidade, ergonomia cognitiva e tecnologias assistivas, Regina coordena cursos para escolas e professores do Vale do Sinos sobre a produção de projetos baseados em tecnologias de informação e comunicação, estratégias de adaptação audiovisual e comunicação alternativa.

A PPG em Diversidade Cultural e Inclusão Social conta com o Laboratório de Inclusão e Ergonomia (Labie), o qual integra as atividades de pesquisa, ensino e extensão da Feevale – e mantém oficinas para a adaptação de brinquedos para crianças deficientes. “A inclusão está aí, mas se não tivermos um material adequado, ela não vai acontecer de fato”, destaca.

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