GERAL

Exame de qualificação de Witzel na UFF termina em repressão a estudantes

Policiais militares que acompanharam governador mantiveram manifestantes presos em uma sala para impedir protesto
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 16 de agosto de 2019

 

PMs impediram a passagem de estudantes que protestavam contra a política de segurança do governador fluminense

Foto: Reprodução

PMs impediram a passagem de estudantes que protestavam contra a política de segurança do governador fluminense

Foto: Reprodução

O que deveria ser uma atividade acadêmica, rendeu mais uma cena de abuso de autoridade e truculência. Policiais Militares do Rio de Janeiro foram flagrados em vídeo segurando uma porta para impedir a passagem de estudantes da Universidade Federal Fluminense (UFF) que protestavam contra a política de segurança do governador fluminense, Wilson Witzel (PSC). Witzel compareceu na universidade na tarde de quinta-feira, 15, para realizar apresentação em sua banca de qualificação para Doutorado na universidade. O protesto foi organizado para questionar as mortes de seis jovens pela polícia nesta semana no Rio de Janeiro.

A equipe de Witzel tentou de todas as maneiras despistar os manifestantes e jornalistas durante a apresentação, com o local da banca mudado após os estudantes terem marcado um protesto diante do prédio de pós-graduação de ciências humanas e políticas, em outra localidade da UFF.

A UFF informou em nota que “o esquema de segurança foi organizado pela equipe do governador” e que só ela poderia falar sobre o seu planejamento. A universidade ressaltou que manteve com o governador “uma relação de uma instituição de ensino com o seu estudante”. Nem a universidade, nem a equipe governamental divulgaram o resultado da banca de qualificação, sob justificativa de que o assunto é privado.

Wilson Witzel apresentou sua qualificação de doutorado no prédio da faculdade de administração da UFF, no campi do Valonguinho, em Niterói.

Torcedor algemado e agredido

No último dia 4, outra ação policial marcada pelo abuso de autoridade. Rogério Lemes, torcedor do Corinthians, foi retirado da arquibancada de seu clube ainda antes de iniciar o clássico contra o Palmeiras, durante a execução do hino nacional, quando manifestou sua indignação com a presença do presidente Jair Bolsonaro no Itaqueirão.

Apesar da assessoria de imprensa da PM paulista informar que “não houve prisão, mas a condução dele ao posto do Juizado Especial Criminal (Jecrim), onde foi registrado boletim de ocorrência não criminal e depois liberado para voltar a assistir a partida de futebol”, Lemes declarou na ocasião que só pôde voltar a arquibancada 10 minutos antes do final do partida.

“Fui humilhado, algemado e um policial me deu um mata-leão”, relatou. O torcedor ainda disse que na ocasião foi derrubado e quando pediu ajuda para levantar, pois usa uma prótese na cabeça do fêmur, ouviu os PMs gritando: “você não é bom? Agora se vira”. Segundo Lemes, um policial ainda pegou o seu dedo e começou a torcer. Lemes optou em não registrar Boletim de Ocorrência por temer represálias.

Comentários