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Assassinato de Marielle Franco completa 3 anos e mandantes continuam impunes

Acusados pelo assassinato, o policial reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio de Queiroz estão presos, a espera de júri popular
Por Cristina Ávila / Publicado em 13 de março de 2021
Por seu ativismo em defesa dos direitos humanos e contra a violência, Marielle foi assassinada em março de 2018, no Rio

Foto: Midia Ninja/ Divulgação

Por seu ativismo em defesa dos direitos humanos e contra a violência, Marielle foi assassinada em março de 2018, no Rio de Janeiro

Foto: Midia Ninja/ Divulgação

A execução da vereadora carioca Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes completa três anos neste domingo, 14 de março. Até hoje não se sabe quem foi o mandante, embora uma trama de acontecimentos evidencie que o mistério já poderia ter sido desvendado.

Acusados pelo assassinato, o policial reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio de Queiroz, estão presos, a espera de júri popular. Em outubro de 2019, descobriu-se que Lessa morava no mesmo condomínio do então deputado federal Jair Bolsonaro, no Rio de Janeiro. O filho mais novo do presidente, Renan, chegou a dizer que teria namorado a filha do vizinho. Meses antes, em março, a Polícia Civil encontrara 117 fuzis na casa de um amigo de infância do mesmo Ronnie Lessa, que acabou indiciado por tráfico de armas em 2020.

Legislações  criminosa

Outro acontecimento impactaria a opinião pública em fevereiro do ano passado, a morte considerada possível queima de arquivo, do ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope), Adriano Nóbrega, cuja mãe e a mulher trabalharam no gabinete de Flávio Bolsonaro, na Assembleia Legislativa do Rio. Atirador de elite, o ex-capitão era um dos “Intocáveis”, apontado pelo Ministério Público como chefe de milícias.

Milícias não são organizações nem gangues, mas atos tipificados por legislações criminais. Na prática, estão presentes em pelo menos 400 favelas do Rio de Janeiro e se caracterizam pelo domínio territorial das comunidades, que vão desde o controle de vans de transporte coletivo, como vendas de gás, taxas extorsivas de segurança privada imposta a comerciantes e cada vez mais se transformam em domínio eleitoral, garantindo votos de cabresto para mandatos do Executivo e Legislativo.

Combate à violência

Os motivos da execução de Marielle Franco estão implícitos na trajetória política da jovem negra da Favela da Maré, que ameaçava a tranquilidade dos milicianos, por sua personalidade destemida e seu forte mandato na Câmara de Vereadores, com denúncias que incomodavam as milícias.

“Infelizmente a Marielle precisou ser executada para dar visibilidade à realidade. Como ocorreu em outras cidades, aqui em Porto Alegre, a eleição de quatro vereadoras negras e um vereador negro, que somam a metade da bancada de oposição, tem forte influência sim das reflexões consequentes desse crime”, afirma Karen Santos (PSol), dona do maior número de votos para a Câmara Municipal da capital gaúcha.

Os cinco eleitos já protocolaram cinco projetos em consonância com o Instituto Marielle Franco, que articula no país o compromisso de 70 parlamentares em 45 cidades a encaminharem projetos de combate à violência e garantia de direitos dos pretos e pretas.

Levantamento do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) mostra que nesta legislatura há 2,3% a mais de mulheres eleitas, em relação a 2016. Prefeituras de 659 municípios serão chefiadas por mulheres. Destas 32% são negras. Para vereadoras, foram 16% de mulheres eleitas, sendo 39,3% negras. Foram mais de 88 mil mulheres negras e pardas candidatas, com eleição de 4.026 (4,54%).

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