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A inteligência artificial afetará 40% dos empregos no mundo

Conforme o FMI, a IA afetará de 40% a 60% dos empregos e exigirá dos países forte regulação para que o uso seja ético e inclusivo
Por César Fraga / Publicado em 15 de janeiro de 2024
A inteligência artificial afetará 40% dos empregos no mundo

Foto: Vecstock/Freepik

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Estamos à beira de uma revolução tecnológica que poderá alavancar a produtividade, impulsionar o crescimento global e aumentar os rendimentos em todo o mundo. Só que também substituirá empregos aprofundará a desigualdade. O rápido avanço da inteligência artificial cativou o mundo, causando tanta excitação quanto alarme. E, provoca questões relevantes sobre o seu eventual impacto na economia global. O efeito líquido é difícil de prever, uma vez que a IA irá repercutir nas economias de formas complexas. O que se pode dizer com alguma confiança é que será necessário elaborar um conjunto de políticas para aproveitar com segurança o vasto potencial da IA ​​em benefício da humanidade. É o que pondera, de forma otimista,  Kristalina Georgieva, diretora-geral do Fundo Monetário Internacional em artigo publicado por ocasião da divulgação de estudo do FMI divulgado no último domingo, 14, no site do FMI.

O corpo técnico do FMI examinou o impacto potencial da IA ​​no mercado de trabalho global motivado por estudos estudos que previram a probabilidade de os empregos serem substituídos pela IA. Conforme Georgieva, porém, “em muitos casos, a IA é suscetível de complementar o trabalho humano”.

Já a análise do FMI procura capturar os dois fenômenos. Em resumo, a principal conclusão é que cerca de 40% do emprego global está exposto à IA.

Historicamente, a automação e a tecnologia da informação tendem a afetar as tarefas rotineiras, mas uma das coisas que diferencia a IA é a sua capacidade de impactar empregos altamente qualificados. Como resultado, as economias avançadas enfrentam maiores riscos decorrentes da IA ​​— mas também mais oportunidades para aproveitar os seus benefícios — em comparação com os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento.

Nas economias avançadas, cerca de 60% dos empregos podem ser afetados pela IA. Aproximadamente metade dos empregos expostos podem beneficiar da integração da IA, aumentando a produtividade. Por outro lado, as aplicações de IA poderão executar tarefas essenciais atualmente desempenhadas por seres humanos, o que poderá reduzir a procura de mão-de-obra, conduzindo a salários mais baixos e a uma redução das contratações. Nos casos mais extremos, alguns destes empregos podem desaparecer.

A Diretora do FMI também explica que nos mercados emergentes e nos países de baixo rendimento, espera-se que a exposição à IA seja de 40% e 26%, respetivamente. Estas descobertas sugerem que os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento enfrentam menos perturbações imediatas causadas pela IA. “Ao mesmo tempo, muitos destes países não têm infra-estruturas ou mão-de-obra qualificada para aproveitar os benefícios da IA, aumentando o risco de que, com o tempo, a tecnologia possa agravar a desigualdade entre as nações”, diz.

IA beneficia os jovens e inexperientes em detrimento dos mais velhos

Conforme o FMI, a A IA também poderá afetar a desigualdade de rendimentos e de riqueza dentro dos países. A previsão é de uma maior polarização dentro dos escalões de rendimento, com os trabalhadores que podem aproveitar a IA para ter um aumento na sua produtividade e nos seus salários – e aqueles que não podem ficar para trás. O estudo aponta que a IA pode ajudar os trabalhadores menos experientes a aumentar a sua produtividade mais rapidamente. Os trabalhadores mais jovens poderão ter mais facilidade em explorar as oportunidades, enquanto os trabalhadores mais velhos poderão ter dificuldades em adaptar-se.

O efeito sobre o rendimento do trabalho dependerá em grande medida da medida em que a IA complementará os trabalhadores com rendimentos elevados. Se a IA complementar significativamente os trabalhadores com rendimentos mais elevados, poderá levar a um aumento desproporcional do seu rendimento do trabalho. Além disso, os ganhos de produtividade das empresas que adotam a IA provavelmente aumentarão os retornos de capital, o que também poderá favorecer os trabalhadores com rendimentos mais elevados. Ambos os fenómenos poderão exacerbar a desigualdade.

Na maioria dos cenários, a IA irá provavelmente agravar a desigualdade geral, uma tendência preocupante que os decisores políticos devem abordar de forma proactiva para evitar que a tecnologia alimente ainda mais as tensões sociais. É crucial que os países estabeleçam redes de segurança social abrangentes e ofereçam programas de reconversão profissional para trabalhadores vulneráveis. Ao fazê-lo, podemos tornar a transição para a IA mais inclusiva, protegendo os meios de subsistência e reduzindo a desigualdade.

FMI sugere que estados promovam regulação da inteligência artificial

Outro ponto destacado no artigo de Kristalima é que a IA será integrada nas empresas de todo o mundo a uma velocidade absurda, sublinhando a necessidade de os decisores políticos agirem.

“Para ajudar os países a elaborar as políticas certas, o FMI desenvolveu um Índice de Preparação para a IA que mede a preparação em áreas como infraestruturas digitais, políticas de capital humano e de mercado de trabalho, inovação e integração econômica, e regulação e ética”, expõe.

No que diz respeito ao componente de políticas de capital humano e de mercado de trabalho, por exemplo, a pesquisa do FMI avaliou elementos como os anos de escolaridade e a mobilidade no mercado de trabalho, bem como a proporção da população coberta por redes de segurança social. A componente de regulação e ética avalia a adaptabilidade aos modelos de negócios digitais do quadro jurídico de um país e a presença de uma governação forte para uma aplicação eficaz.

Responsabilidade do estado

Utilizando o índice, o corpo técnico do FMI avaliou a preparação de 125 países. As conclusões revelam que as economias mais ricas, incluindo as economias avançadas e algumas economias de mercado emergentes, tendem a estar mais bem equipadas para a adopção da IA ​​do que os países de baixo rendimento, embora haja uma variação considerável entre países. Singapura, os Estados Unidos e a Dinamarca registaram as pontuações mais elevadas no índice, com base nos seus fortes resultados em todas as quatro categorias monitorizadas.

Guiadas pelas informações do Índice de Preparação para a IA, as economias avançadas devem dar prioridade à inovação e à integração da IA, ao mesmo tempo que desenvolvem quadros regulamentares robustos. Esta abordagem irá cultivar um ambiente de IA seguro e responsável, ajudando a manter a confiança do público. Para as economias de mercados emergentes e em desenvolvimento, a prioridade deve ser estabelecer uma base sólida através de investimentos em infraestruturas digitais e numa força de trabalho digitalmente competente.

 

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