MOVIMENTO

Petroleiros fazem greve contra a privatização da Petrobras

A paralisação dos trabalhadores iniciada na madrugada da última segunda-feira, 25, afeta 85% da atividade na Refap e oleodutos, o que representam 90% das operações da Petrobras no Rio Grande do Sul
Por Flavio Ilha / Publicado em 26 de novembro de 2019
Petroleiros de todo o país paralisaram atividades

Foto: FUP/Divulgação

Petroleiros de todo o país paralisaram atividades

Foto: FUP/Divulgação

Em greve desde a madrugada da segunda-feira, 25, os petroleiros gaúchos paralisaram 85% das atividades da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, como parte do movimento nacional da categoria contra as demissões em massa na estatal e as ameaças de privatização, que incluem a unidade do Rio Grande do Sul e o conjunto de oleodutos e terminais que representam 90% das operações da Petrobras no Estado.

Segundo o diretor de Finanças do Sindicato dos Petroleiros do RS (Sindipetro-RS), Dary Beck Filho, a greve se estenderá até sexta-feira, 29, e não afetará a produção. “É um movimento de alerta à população, porque somente a sociedade pode impedir essa venda. Estamos assistindo a um desmonte”, destaca.

Durante a segunda-feira, os petroleiros se concentram em frente à sede da estatal para reforçar o movimento entre os indecisos. Mesmo que a produção não seja afetada, os serviços de carregamento e transporte de derivados será prejudicado com a greve. Como a paralisação é por tempo determinado, não está previsto desabastecimento.

Além de demissões e transferências em massa, a diretoria da Petrobrás incluiu metas de segurança, saúde e meio ambiente (SMS) como critérios para pagamento de bônus e concessão de vantagens. Tais ações, de acordo com o coordenador geral da FUP, José Maria Rangel, ferem as cláusulas 41 e 86 do ACT, que tratam de trabalhadores efetivos, e o parágrafo 9º da cláusula 73 do mesmo acordo, que veda o uso de metas de SMS em avaliações.

“Está havendo um brutal corte de trabalhadores na Petrobras. Nos últimos cinco anos, 25% da força de trabalho efetiva da estatal foi desligada da empresa. Entre os terceirizados foram dois em cada três”, alertou Rangel. No total, foram 270 mil demissões desde 2014.

Os petroleiros também querem barrar em nível nacional o anúncio de privatização de 14 refinarias da Petrobras em todo o país. Segundo o Sindipetro-RS, os municípios que possuem ativos de refino e logística vão perder receita com o processo de privatização. Além disso, pode haver impacto também sobre o preço final dos combustíveis.

“Quem comprar a refinaria terá autonomia para importar óleo de outro fornecedor, ao invés de utilizar o óleo da Petrobras. Neste caso, haverá perda de arrecadação de royalties”, prevê Beck. Os municípios que mais recebem o benefício no Estado são Cidreira, Imbé, Osório e Tramandaí. Juntos, arrecadaram até agosto mais de R$ 84 milhões.

Também haverá perdas em relação ao ICMS. “Canoas, onde fica a sede da Refap, pode ter uma perda de R$ 150 milhões de ICMS ao ano com a venda. É praticamente metade da receita com o imposto, o que na prática pode quebrar o município”, completou.

O Sindipetro participará da mobilização de servidores estaduais, na tarde desta terça-feira, 26, na Praça da Matriz, em Porto Alegre. “Teremos uma série de atividades esta semana, como doação coletiva de sangue na quarta-feira”, acrescenta o diretor. Na quinta-feira, 28, a entidade deverá escolher um posto de combustíveis para o Ato do Preço Justo.

Na sexta-feira, haverá nova concentração de petroleiros em frente à sede da Refap.

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