MOVIMENTO

Mulheres e pessoas trans ocupam centro de saúde abandonado em Novo Hamburgo

Guardas armados tentaram entrar à força, sem negociação nem mandato, em prédio ocupado na madrugada desta segunda-feira, 7. Ao serem impedidos por ativistas, guardas usaram spray de pimenta e força física
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 7 de março de 2022

Foto: CUT/RS

E nota, movimento pede apoio e solidariedade em forma de vigília no local. Estamos atentes e fortes. Defendendo a vida e a dignidade de todes

Foto: CUT/RS

Um grupo de mulheres e pessoas trans ocuparam na madrugada desta segunda-feira, 7, o prédio antigo do Centro de Pronto Socorro de Novo Hamburgo (Rua Joaquim Nabuco, 634), abandonado há cerca de 5 anos. A mobilização, segundo as manifestantes, tem como objetivo chamar a atenção para a falta de acesso a saúde básica no município, distante 44 quilômetros da capital gaúcha.

A ocupação acabou em conflito quando as manifestantes fizeram cordão humano para impedir a entrada da Guarda Municipal no prédio. Transmissão no Instagram registra a ação dos guardas, que estavam armados. Segundo Sarita Gonçalves, coordenadora estadual do núcleo LGBTQIA+ do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), os agentes queriam retirar a força o grupo de mulheres e pessoas trans que estavam dentro do prédio. Mas não conseguiram.

Foto: Reprodução Instagram

Foto: Reprodução Instagram

Segunda Sarita, que chegou a desmaiar durante a ação da guarda municipal, a prefeita Fátima Daudt (PSDB) se recusa a negociar com as manifestantes. “A ideia é pautar a discussão de transformar aquele local que está em estado deplorável de abandono pelo poder público em um ambulatório para mulheres e mulheres trans, além de um centro de acolhimento e assistência social”, explica.

Extra Classe entrou em contato com a prefeitura de Novo Hamburgo. A assessoria de imprensa informou o responsável pela comunicação do município deveria enviar uma nota oficial sobre o caso. Até o fechamento da edição, no final da tarde, o nada foi enviado.

Leia nota do grupo

Entre mulheres e pessoas trans, estamos desde a madrugada do dia 6/3 okupando o prédio do antigo centro de saúde pronto atendimento de NH. Desocupado há cerca de 5 anos, o prédio está em estado deplorável de abandono pelo poder público, enquanto a população sofre as demandas de saúde e a falta de outros acessos básicos que só se agravaram com a pandemia. Nessa cidade, com histórico e casos recentes que parecem sair dos bueiros fedorentos de neonazis e fachos, estamos em ação direta dando o recado de que exigimos por meio desta ação direta políticas públicas de atendimento e proteção, saúde e assistência social, pelo fim das violências de gênero.

Também em apoio às lutas pela moradia, dos povos originários e outras múltiplas insurgências, lembramos que quem exerce a violência é o estado racista em sua necropolítica.

Solicitamos apoio e solidariedade em forma de vigília no local. Estamos atentes e fortes. Defendendo a vida e a dignidade de todes.

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