OPINIÃO

O governo Sartori segundo ele mesmo

Publicado em 11 de junho de 2015
O governo Sartori completou cinco meses, quase a metade de seu primeiro ano de mandato, sem proposta clara para enfrentar a crise financeira do estado

Foto: Karine Viana/Palácio Piratini

O governo Sartori completou cinco meses, quase a metade de seu primeiro ano de mandato, sem proposta clara para enfrentar a crise financeira do estado

Foto: Karine Viana/Palácio Piratini

O governo Sartori completou cinco meses, quase a metade de seu primeiro ano de mandato, sem ter apresentado uma proposta clara de como pretende enfrentar a crise financeira do estado e uma agenda positiva de desenvolvimento. O tema central neste período foi mesmo o pagamento da folha de salários do funcionalismo público estadual. Após vários balões de ensaio que falavam em atraso no pagamento da folha, suspensão de aumentos já concedidos e parcelamento, no dia 15 de maio, o secretário estadual da Fazenda, Giovani Feltes, anunciou o parcelamento do pagamento dos salários de maio de 7,7% dos servidores públicos vinculados ao poder Executivo. A medida atinge cerca de 26,9 mil servidores de um total de 348.955, considerando ativos, inativos e pensionistas. O parcelamento atinge quem ganha mais de R$ 5.100,00 por mês.

Segundo o anúncio do governo, estes servidores receberão esse valor no dia que tradicionalmente recebem e o restante no dia 11 de junho. A decisão provocou uma série de medidas judiciais por parte de sindicatos de servidores. No dia 26 de maio, a juíza Andreia Terre do Amaral, da 3ª Vara da Fazenda Pública do Foro Central de Porto Alegre, determinou o bloqueio de R$ 38 milhões como forma de garantir o pagamento integral dos salários dos servidores ligados ao Sindicato de Auditores de Finanças Públicas do Rio Grande do Sul. Em sua decisão, a juíza criticou o argumento usado pelo Palácio Piratini para justificar o parcelamento dos salários: Chega a ser leviano o argumento largamente utilizado por muitos gestores, de que lograram experimentar uma desagradável surpresa ao assumir a gestão do Estado, pois tal grave situação financeira lhes era desconhecida, quando, na verdade, sabe-se que as contas do Estado são públicas e delas deveria obrigatória e previamente tomar conhecimento todos quantos pretendam candidatar-se a geri-lo.

De fato, a crise financeira do estado foi um dos temas centrais da campanha eleitoral em 2014, sendo debatida em vários momentos pelos candidatos. De lá para cá, José Ivo Sartori, na condição de candidato e agora de governador, e o secretário da Fazenda Giovani Feltes se pronunciaram várias vezes sobre o tema com algumas frases marcantes que podem ajudar a construir um balanço desse início de governo.

1) Parar de olhar para o retrovisor: “É hora de parar de olhar para o retrovisor. Eu quero olhar para frente, para o amanhã”. (Outubro de 2014, durante a campanha eleitoral).
2) Todo mundo conhece a crise: “Todo mundo conhece a crise financeira do Estado do Rio Grande do Sul”. Não cabe a mim, como outros fazem, querer achar culpados ou se desculpar nas costas dos outros”. (Outubro de 2014, durante a campanha eleitoral).
3) Primeiro vamos ganhar a eleição: “Primeiro vamos ganhar a eleição, depois vamos montar a equipe e governar bem. Minha primeira medida vai ser conter os gastos, cuidar das despesas, deixar de gastar nas coisas que são inúteis, uma viagenzinha em demasia, etecetera daqui, etecetera de lá”. (Entrevista ao programa La Urna, outubro de 2014).
4) Medidas corajosas no presente: “O Rio Grande precisa de medidas corajosas no presente. Essa é a minha missão. A sociedade gaúcha olha para frente, o estado precisa fazer o mesmo. Olhar para frente e agir no agora”. (Janeiro de 2015, discurso de posse).
5) Gastar nas pessoas: “Vamos cortar os gastos ruins para gastar nas pessoas, especialmente nas que mais precisam”.
6) Dificuldades jamais vistas: “A sociedade gaúcha irá se deparar com momentos de dificuldade com os quais jamais viveu”. (Janeiro de 2015, secretário estadual da Fazenda, Giovani Feltes).
7) Ainda não caiu a ficha (I): “Ainda não caiu bem a ficha, mas já estou mais ou menos calculando o que vem pela frente”. (Outubro de 2014, logo após ter sido eleito).
8) Ainda não caiu a ficha (II): “Hoje posso dizer que ainda não me caiu a ficha de tantas dificuldades financeiras que nós estamos enfrentando”. (Maio de 2015, ao falar sobre dificuldades financeiras do estado).

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