SAÚDE

Em 24 horas, país tem 3,3 mil novos casos e 189 mortes por coronavírus

Nos estados do Amazonas, Ceará, Pará e Pernambuco a ocupação dos leitos de UTI destinados a pacientes de Covid-19 já ultrapassou 90%
Por Gilson Camargo / Publicado em 26 de abril de 2020
Desde a última sexta-feira, o uso de máscaras é obrigatório na cidade do Rio. A capital fluminense já não dispõe mais de leitos em UTI

Foto: Tomaz Silva/ Agência Brasil

Desde a última sexta-feira, o uso de máscaras é obrigatório na cidade do Rio. A capital fluminense já não dispõe mais de leitos em UTI

Foto: Tomaz Silva/ Agência Brasil

O ministério da Saúde informou, neste domingo, 26, que o Brasil tem 61.888 casos confirmados de covid-19 e 4.205 mortes. De acordo com a última atualização do órgão, 30.152 pessoas infectadas estão recuperadas (49%) e 1.322 óbitos estão em investigação. Nas últimas 24 horas, o ministério registrou 3.379 novos casos, o que representa incremento de 5,8% em relação aos dados de sábado e 189 mortes, alta de 4,7%. O país tem ainda 27.531 pacientes em acompanhamento (44%), 30.152 recuperados (49%) e 1.322 óbitos em investigação.

O estado com maior número de casos e óbitos é São Paulo: 20.715 e 1,7 mil, respectivamente. Em seguida, vem o Rio de Janeiro, com 7.111 casos e 645 mortes. Em terceiro lugar, está o Ceará com 5.833 casos e 327 mortes. O estado com o menor número de casos é Tocantins, com 58 casos confirmados, e duas mortes.

Número de mortes dobra a cada cinco dias no Brasil

Infográfico: Ministério da Saúde

Infográfico: Ministério da Saúde

As mortes provocadas por Covid-19 têm dobrado, em média, num intervalo de cinco dias no Brasil. Nos Estados Unidos e no Equador, países com taxas altas de disseminação da epidemia, o intervalo para essa duplicação, em período similar, seria de seis dias. Na Itália e na Espanha, oito.

Este é um dos dados divulgados na mais recente nota técnica do Monitora Covid-19, sistema que agrupa e integra dados sobre a pandemia do novo coronavírus no Brasil. Epidemiologistas, geógrafos e estatísticos do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz), têm se debruçado sobre a ferramenta para elaborar análises sobre o avanço da doença.

Observando o crescimento diário dos casos de Covid-19 nas semanas de 29 de março a 4 de abril, 5 a 11 de abril e 12 a 16 de abril, os cientistas apontam que a pandemia segue com alto crescimento no número de casos na região Norte, marcadamente no estado de Rondônia, e no Nordeste, onde se destacam os estados do Piauí, Alagoas e Ceará. Também é preocupante a situação dos estados do Pará, Amapá, Maranhão e Pernambuco, que seguem com tendência de crescimento acelerado no número de casos.

“O que mais preocupa com relação à propagação da doença no país diz respeito a dois aspectos. Primeiramente, o tempo de recuperação lento associado à alta taxa de contaminação tem ocupado leitos das grandes cidades, e pode provocar colapso do sistema de saúde nessas cidades. Em segundo lugar, à medida que a doença avança para o interior e atinge cidades menores, a demanda por serviços mais especializados de saúde, como UTI e respiradores, também cresce. Só que esses municípios menores, em sua maioria, não detêm esses recursos de saúde, então terão que enviar seus pacientes a centros maiores, que já apresentam leitos, equipamentos e pessoal de saúde em situação difícil”, alerta o epidemiologista Diego Xavier, pesquisador do Laboratório de Informação em Saúde do Icict.

UTIS NO LIMITE – O Rio Grande do Sul tem 1.208 casos e 38 óbitos. A maioria das mortes foi notificada pela secretaria municipal de Saúde da capital, que está com uma taxa de ocupação de 73,4% das vagas de UTI, ou seja, 411 dos 560 leitos dos hospitais públicos de Porto Alegre estão com pacientes graves em tratamento. Há um mês, quando a população gaúcha começou a furar o isolamento social, o percentual de internação em UTI era 65,7%. Nos estados do Amazonas, Ceará, Pará e Pernambuco, a ocupação dos leitos de UTI destinados a pacientes infectados com o novo coronavírus já ultrapassou 90%. No Rio Grande do Sul e em São Paulo, o percentual já é superior a 50%. No Rio de Janeiro, 74% – somente um hospital ainda dispõe de vagas, em Volta Redonda. Neste domingo, a capital mineira, Belo Horizonte, ficou com 78% dos leitos de UTI na rede pública de saúde lotados.

Ministério da Saúde vai entregar até o final de abril menos de 2% do total de respiradores prometido

Foto: MS/ Divulgação

Ministério da Saúde vai entregar até o final de abril menos de 2% do total de respiradores prometido

Foto: MS/ Divulgação

RIO DE JANEIRO – O estado do Rio de Janeiro registrou nas últimas 24 horas 283 casos confirmados e 30 óbitos, segundo dados divulgados pela secretaria estadual de Saúde. Outros 278 óbitos seguem em investigação. A capital registra o maior número de casos confirmados: 4.498. Os demais municípios com maior incidência são Nova Iguaçu (310), Duque de Caxias (300), Niterói (260) e Volta Redonda (189). Dos 92 municípios do estado, 76 apresentaram casos do novo coronavírus e 41 já registraram mortes em decorrência da doença. A cidade do Rio de Janeiro segue com o maior número de óbitos (383). Em seguida, está o município de Duque de Caxias, um dos últimos a fazer o isolamento social, com 63 mortes. Nova Iguaçu (24), Niterói (19) e São Gonçalo (19) completam a lista dos cinco municípios com mais óbitos no estado. Desde a última sexta-feira, 24, não há mais vagas de UTI para pacientes de Covid-19 com o novo coronavírus na cidade do Rio. Nos últimos 14 dias, a taxa de ocupação de UTI passou de 41% em enfermaria e 63% em leitos para 66% e 80%, de acordo com a secretaria estadual de saúde.

RESPIRADORESO ministério da Saúde anunciou a entrega de 272 respiradores produzidos pela indústria nacional até o final deste mês. A quantidade de equipamentos a serem enviados aos estados corresponde a menos de 2% dos 14,1 mil equipamentos prometidos pela pasta. Após o cancelamento de fornecedores internacionais, uma rede com mais de 15 instituições envolvidas dará suporte ao SUS para entregas ao longo de três meses.

Estado de São Paulo atinge 1,7 mil óbitos por covid-19

O estado de São Paulo registrou nas últimas 24 horas mais 33 óbitos decorrentes da covid-19. No total, a doença já matou 1,7 mil pessoas no estado. Na capital foram registrados 66% dos óbitos, enquanto no interior, litoral e cidades da Grande São Paulo, 34%. A mesma proporção ocorre em relação aos casos confirmados da doença, 20.715. Os dados são da Secretaria de Estado da Saúde.

De acordo com a pasta, permanece em 128 o número de cidades paulistas que já registraram ao menos uma morte decorrente de covid-19. O número de municípios com, no mínimo, um caso confirmado da doença continua 284, ou 44% das cidades do estado. Não houve alteração nesses números em comparação ao balanço divulgado do domingo, 25.

Em relação a internações, a rede pública de saúde em São Paulo funciona com ocupação de 58,9% dos leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) reservados para o tratamento de covid-19. Na Grande São Paulo, esse número é de 77,3%. Também não houve variação desses números em relação aos dados de ontem.

Neste domingo, há 7,5 mil pacientes com suspeita ou com a doença confirmada internados em hospitais da rede pública paulista: 2.908 em UTIs e 4.619 em enfermarias. Ontem, esses números eram 2.906 e 4.546, respectivamente.

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