SAÚDE

Sindicatos pedem urgência na testagem para trabalhadores da Saúde

Manifestação conjunta da CUT-RS e Sindisaúde-RS cobra dos hospitais do RS uma resposta sobre os testes para Covid-19 em todos os profissionais da área médica em atividade no estado
Da Redação / Publicado em 31 de julho de 2020
Em defesa da vida: ato simbólico pela CUT-RS e Sindisaúde-RS, no início da manhã em frente ao Hospital Dom João Becker, em Gravataí

Foto: CUT-RS/ Divulgação

Em defesa da vida: ato simbólico pela CUT-RS e Sindisaúde-RS, no início da manhã em frente ao Hospital Dom João Becker, em Gravataí

Foto: CUT-RS/ Divulgação

O frio rigoroso do inverno gaúcho não foi obstáculo para a realização de um ato simbólico pela CUT-RS e Sindisaúde-RS, no início da manhã desta sexta-feira, 31, em frente ao Hospital Dom João Becker, em Gravataí, na Região Metropolitana de Porto Alegre, reforçando a campanha pela testagem para Covid-19 de todos os trabalhadores e trabalhadoras da saúde.

Na terceira mediação do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-4), ocorrida na tarde de terça-feira, 28, entre a CUT-RS, Federação dos Empregados em Estabelecimento de Saúde do RS (Feessers) e sindicatos com as federações patronais, a desembargadora Ana Luiza Heineck Kruse e o Ministério Público do Trabalho (MPT) apresentaram uma proposta de testes para Covid-19 em todos os profissionais da saúde no Estado.

A mediação é resultado de uma ação judicial movida pela CUT-RS e Feessers contra as entidades patronais, cobrando testagem para Covid-19 de todos os trabalhadores da saúde durante a pandemia do novo coronavírus. Além disso, foram realizados atos simbólicos, respeitando as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), em frente ao Hospital São Lucas, da PUCRS, ao Hospital das Clínicas e à Santa Casa de Misericórdia, em Porto Alegre, e ao Hospital São Camilo, em Esteio.

Os dirigentes sindicais usaram máscaras de proteção e respeitaram o distanciamento social, evitando aglomeração de pessoas e seguindo as recomendações sanitárias da Organização Mundial de Saúde (OMS).

A manifestação ocorreu no mesmo dia em que termina o prazo concedido aos hospitais do Rio Grande do Sul para darem a resposta se aceitam fazer testes para covid-19 em todos os profissionais da saúde no Estado.

Proposta do TRT-4 e MPT é um avanço 

Prazo dado pelo TRT4 e MPTRS para uma resposta dos hospitais gaúchos sobre a testagem de profissionais termina nesta sexta-feira, 31

Foto: CUT-RS/ Divulgação

Prazo dado pelo TRT4 e MPTRS para uma resposta dos hospitais gaúchos sobre a testagem de profissionais termina nesta sexta-feira, 31

Foto: CUT-RS/ Divulgação

Segundo o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, a proposta do TRT-4 e do MPT é um avanço, pois garante a testagem de todos os empregados sintomáticos e assintomáticos, incluídos aqueles que atuam em áreas de covid e não covid, em hospitais e nos postos de atendimento de saúde básica nos munícipios, o que deve atingir cerca de 80% dos trabalhadores da saúde.

“A partir da testagem dos trabalhadores em serviços essencias, queremos inverter a falta de política do governo federal, que não está nem aí e abandonou a população à própria sorte, mas nós continuamos resistindo, denunciando essa situação preocupante e acionando o Judiciário, para que haja encaminhamentos favoráveis à defesa da vida”, frisou.

“Quem cuida da vida não pode morrer. Cada vida vale a luta”, disse Amarildo.

Contra a política genocida

O dirigente da CUT-RS anunciou que na próxima sexta-feira, 7 de agosto, as centrais sindicais realizarão um dia nacional de luta. Em Porto Alegre será promovido um ato simbólico em frente à Prefeitura, com soltura de balões em solidariedade às famílias das vítimas.

“Vamos denunciar também o genocídio que representa a política do governo Bolsonaro em relação à pandemia”, destacou, ressaltando que estão sendo espalhados outdoors em Porto Alegre, Caxias do Sul, Passo Fundo e Pelotas para exigir testagem para covid-19.

O diretor executivo da CUT-RS, Marcelo Carlini, enfatizou que, segundo notícias da imprensa nacional, cerca de 10 milhões de testes estão parados por falta de insumos. “Enquanto isso, o país já tem um quadro dramático, com mais de 91 mil mortes e mais de 2,6 milhões de casos de contaminação por covid-19″, alertou.

“Os sindicatos têm feito um grande esforço para exigir segurança e condições de trabalho para proteger a vida dos trabalhadores e da população”, destacou Carlini, criticando o governo Bolsonaro frente ao “desprezo pela vida”.

Testagem fundamental para trabalhadores da saúde

Manifestação lembrou que centenas de profissionais foram contraminados por Covid-19 no trabalho e quatro trabalhadores da saúde perderam suas vidas no estado por causa da pandemia

Foto: CUTRS/ Divulgação

Manifestação lembrou que centenas de profissionais foram contraminados por Covid-19 no trabalho e quatro trabalhadores da saúde perderam suas vidas no estado por causa da pandemia

Foto: CUTRS/ Divulgação

O presidente do Sindisaúde-RS, Júlio Cesar Jesien, reiterou que a testagem é fundamental para todos os trabalhadores. “Estamos começando a dar os primeiros passos e temos muita expectativa de que possamos avançar”.

Ele lamentou o afastamento de centenas de profissionais que foram contraminados por covid-19 no trabalho. Além disso, quatro trabalhadores da saúde perderam suas vidas no estado por causa da pandemia.

“É fundamental que os trabalhadores sejam testados e acompanhados para proteger a saúde física e mental deles”, afirmou a diretora do Sindisaúde-RS, Lúcia Mendonça, cobrando testagem para todos os profissionais de saúde.

Aqueles que cuidam de nós precisam ser cuidados

Também participou da manifestação o presidente do Conselho Municipal de Saúde de Gravataí e diretor do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Porto Alegre, Marcelo Nascimento. “Todos aqueles que cuidam de nós precisam ser cuidados”, ressaltou.

Marcelo lembrou que o Ministério da Saúde continua sem um ministro titular e está sendo gerido por militares, enquanto as mortes não param de aumentar e as recomendações da OMS não estão sendo cumpridas.

Principais encaminhamentos da mediação:

Foto: CUT-RS/ Divulgação

Foto: CUT-RS/ Divulgação

1. “Aplicação do teste RT-PCR em todos os profissionais da saúde que prestam serviços nos hospitais e unidades de atendimento relacionados pelos requerentes na petição que consta neste procedimento.

2. Para tal fim, serão considerados os trabalhadores que não tiverem sido submetidos a tal testagem, a partir de 1º de julho de 2020.

3. A testagem deverá ser realizada até o dia 17 de agosto de 2020.

4. Os empregadores poderão, para o fim da testagem em questão, participar de projetos do governo do Estado do Rio Grande do Sul ou outros que estiverem propiciando a testagem.

5. Cada empregado, em caso de multiplicidade de contratos de trabalho, deverá ser testado neste período uma única vez, devendo a obrigação ser cumprida pelo empregador do contrato mais antigo.

6. Deverão ser testados tanto os empregados sintomáticos quanto os assintomáticos, incluídos aqueles que trabalham em áreas COVID e não COVID.

7. Os requeridos deverão se manifestar sobre a seguinte proposta até o dia 31/7/2020.”

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