SAÚDE

Conselho da Faculdade de Medicina da Ufrgs critica medidas adotadas por Melo contra a pandemia

Em nota divulgada nesta sexta-feira, 15, a Famed/Ufrgs aponta erros na adoção de tratamento precoce contra covid-19 e no relaxamento do distanciamento defendidos pela Prefeitura de Porto Alegre
Por César Fraga / Publicado em 15 de janeiro de 2021
Sebastião Melo defende uso de medicamentos sem eficácia comprovada e flexibilização do afastamento social

Foto: Alex Rocha/PMPA/Divulgação

O Prefeito de Porto Alegre Sebastião Melo defende uso precoce de medicamentos sem eficácia comprovada e flexibilização do afastamento social

Foto: Alex Rocha/PMPA/Divulgação

Nesta sexta-feira, 15, o Conselho da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Famed/Ufrgs) divulgou uma nota pública demonstrando “grande preocupação” e que coloca em dúvida as medidas de combate à pandemia de covid-19 adotadas em Porto Alegre, na gestão do prefeito Sebastião Melo.

Diz a nota, que o relaxamento de medidas protetivas de distanciamento e proteção pessoal “possuem evidências significativas de efetividade”. Também critica o fornecimento de medicamentos sem comprovação científica para a profilaxia dessa infecção – o chamado “tratamento precoce” – incorrem em um equívoco na condução das políticas de saúde pública, as quais devem estar voltadas à redução de casos infectados e de óbitos causados por essa doença.

Gastos públicos com demanda forçada

Conforme o alerta da Famed,  “tais medidas, além de ampliarem os gastos dos recursos financeiros públicos de maneira indevida, ameaçarão diretamente a saúde dos nossos concidadãos e fragilizarão ainda mais a qualidade da assistência prestada pelos profissionais de saúde, ampliando a tensão na linha de frente de enfrentamento ao Covid-19, graças à produção de uma demanda forçada”.

Uso indevido de medicação sem eficácia

Ainda, segundo o documento, ao recomendar-se tratamentos com eficácia não comprovada, como tem defendido o prefeito da Capital, “além de não ser oferecida segurança individual ou coletiva, cria-se um precedente inquestionável de ruptura do uso da ciência na tomada de decisões para o melhor uso de recursos em saúde. Cabe ressaltar a inexistência de evidências científicas que sustentem a implementação de tais medidas”.

Referências internacionais

A Famed/Ufrgs cita como exemplos, o National Institute of Health (NIH) dos Estados Unidos da América, e o National Institute for Health and Care Excellence (NICE) do Reino Unido, ambos órgãos nacionais, não preconizam o uso dessas estratégias e medicamentos para tais fins. A Sociedade Brasileira de Infectologia também vem se manifestando sistematicamente no mesmo sentido. “Todas essas instituições reconhecem a importância da vacinação para o controle da epidemia. Apela-se para o espírito público de nossos gestores e solicita-se a revogação imediata das medidas adotadas em desconformidade com as orientações sanitárias e científicas, em benefício da sociedade porto-alegrense”.

Melhores práticas científicas

Para encerrar a recomendação o Conselho da Faculdade de Medicina da Ufrgs reafirma-se “atenta e compromissada com a saúde da sociedade brasileira, a Famed/Ufrgs seguirá empenhada no combate a essa pandemia e na redução de seus impactos, defendendo a utilização das melhores práticas científicas e estando à disposição para manter diálogo e permanente troca de informações”.

Leia a íntegra do documento.

Comentários