SAÚDE

Infestação do mosquito da dengue ameaça Porto Alegre

De 34 bairros mapeados no município, 25 já se encontram qualificados na cor vermelha que indica alta presença do inseto transmissor da dengue, segundos dados da prefeitura municipal
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 3 de março de 2022

Foto: Divulgação/SMS PMPA

Porto Alegre, RS – 23/02/2022: Equipe da SMS percorreu ruas do Morro Santana, um dos bairros identificados com alta presença do inseto transmissor da dengue, e vistoriou 93 imóveis. Seis coletas de larvas foram realizadas. As amostras serão analisadas no Laboratório de Entomologia da Vigilância em Saúde

Foto: Divulgação/SMS PMPA

A capital gaúcha desde fevereiro ligou o seu sinal de alerta para um possível surto de dengue na região. Já foram confirmados os primeiros casos de pessoas que contraíram a doença em seus locais de moradia, os chamados casos autóctones no jargão médico, que atestam a presença local do mosquito Aedes Aegypti.

Se no início deste ano, a enfermidade foi identificada nos bairros Bom Jesus, Jardim Carvalho e Morro Santana, na zona leste, hoje o sistema da Secretaria Municipal da Saúde de Porto Alegre (SMSPA), que monitora a infestação do mosquito Aedes Aegypti, trás preocupações adicionais: de 34 bairros mapeados no município, 25 já se encontram qualificados na cor vermelha que indica alta presença do inseto transmissor da dengue.

Fonte: SMSPA

Fonte: SMSPA

Segundo o monitoramento de infecção Aedes Aegypti (MI-Aedes), apenas quatro bairros estão na cor verde, em condição de baixa infestação. Na cor amarela, moderada, cinco. Já, em estado de alerta, cor laranja, são dez bairros.

Há sinais de que a situação da dengue entre os porto-alegrenses pode ainda se agravar mais. O Jardim Carvalho, onde se identificou casos da doença em fevereiro, era considerado em condições moderadas de infestação no período de 13 a 19 de fevereiro passado, segundo os dados coletados entre 20 e 26 de fevereiro, o bairro passou para a situação de alta infestação.

Preocupação e cuidados

Integrante da Fundação Gaia – Legado Lutzenberger, Alexandre Rates de Freitas diz que já há relatos da dengue até em locais considerados de baixa presença do mosquito, como o bairro Jardim do Salso.

Técnico agrícola, o ambientalista Freitas seguiu à risca os protocolos indicados pela Secretaria de Saúde. A indicação, além da possível

Foto: Arquivo pessoal

Freitas: situação é muito preocupante

Foto: Arquivo pessoal

instalação de telas nas residências e a utilização de repelentes, é de eliminar toda e qualquer chance do surgimento de criadouros do mosquito Aedes Aegypti. Assim, a monitoração diária dos quintais para evitar água parada e a limpeza dos potes de alimentação dos animais domésticos é fundamental.

Freitas foi além. “Eu e o zelador do meu prédio fizemos uma geral e não vimos nenhum foco. Como moro em um bairro onde tem muitas casas fechadas aguardando demolição e muitas obras, liguei para o 156 (canal da Prefeitura de Porto Alegre para atendimento de demandas relacionadas aos serviços públicos municipais) e pedi uma vistoria na minha rua”.

Ele se surpreendeu, no entanto, com a informação passada. A sua demanda, segundo ouviu, poderia ser atendida em até quatro meses. “Aí já vamos estar no inverno”, preocupa-se, Freitas.

Monitoramento

Acionada por Extra Classe, a assessoria de imprensa da SMSPA confirmou junto a equipe do 156 que o período informado para Freitas realmente coincide com o histórico da conversa que foi identificado.

Segundo a Secretaria de Saúde isso não é a praxe do órgão que, no máximo, realiza as vistorias solicitadas em até quinze dias. A assessoria da SMSPA informou ainda que está verificando exatamente o ocorrido e tomando providências para resolver a situação.

Em seu site, a prefeitura de Porto Alegre detalha, conforme semanas epidemiológicas, a movimentação do Aedes Aegypti na cidade e as ações que estão sendo tomadas para combater uma possível epidemia. No mesmo site, na sessão chamada Onde está o Aedes, os cidadãos podem acompanhar em tempo real a condição das armadilhas de monitoramento do mosquito.

É exatamente ao acompanhar essas armadilhas que se chega na conclusão de que 2022 apresenta uma curva de crescimento acelerado de fêmeas do mosquito capturadas. São elas as responsáveis pela transmissão efetiva não só da dengue, mas, também, da zika, da chikungunya e do ciclo urbano da febre amarela.

No ano passado, Porto Alegre teve 81 casos de dengue autóctone. Já o estado teve 10.149 infecções, número que mais que dobrou em comparação a 2020 que registrou um pouco mais de 3,6 mil casos. Um novo boletim sobre a situação da doença no Rio Grande do Sul deve ser divulgado na próxima semana.

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