MOVIMENTO

Cresce mobilização para Greve Geral

Movimento em defesa dos direitos previdenciários e trabalhistas e contra a terceirização tem adesão de diversas categorias em todo o estado
Da Redação / Publicado em 24 de abril de 2017
Semana começou com ato para pressionar parlamentares no saguão de embarque do aeroporto Salgado Filho nesta segunda-feira

CUT-RS/ Divulgação

Semana começou com ato para pressionar parlamentares no saguão de embarque do aeroporto Salgado Filho nesta segunda-feira

CUT-RS/ Divulgação

A Greve Geral convocada pelas centrais sindicais e movimentos sociais para sexta-feira, de 28 de abril, é um protesto contra a reforma da Previdência, a reforma trabalhista e a recém-sancionada Lei 13.429/2017, que liberaliza a terceirização para todas as atividades econômicas e amplia a contratação temporária.

A pauta da mobilização, de acordo com o presidente da Central Única dos Trabalhadores no Rio Grande do Sul (CUT/RS), já foi assimilada pela maioria dos brasileiros e é cada vez maior a compreensão de que se a sociedade organizada e os trabalhadores não se mobilizarem, o retrocesso nos direitos previdenciários e trabalhistas será inevitável, devido à submissão da maioria do Congresso às agendas do governo. “Diante dos últimos acontecimentos e da impopularidade crescente do atual governo, a desalienação tem avançado muito. A população está sabendo que vai ter um dia para defender a aposentadoria e os seus direitos. A pauta está bem absorvida pela sociedade. Agora, o desafio é converter isso em adesão à Greve Geral nas ruas”, avalia Claudir Nespolo.

O presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, diz não esperar do Legislativo qualquer solução para o impasse que se instalou no país. “A crise política só começará a ser debelada com novas eleições, e somente uma intensa mobilização popular, com os movimentos sociais e a população nas ruas, será capaz de antecipá-las”, afirma. Desde o início do ano, o movimento sindical tem enfrentado dificuldade para garantir a adesão de trabalhadores de setores estratégicos da economia em um cenário de elevado desemprego. Mas diante das delações que envolvem nove ministros e o próprio presidente, diz o dirigente nacional da CUT, o país se encaminha para uma megamobilização, impulsionada pelo próprio governo. “Cada vez que Temer se manifesta pelas reformas que retiram direitos dos trabalhadores, ele aumenta as nossas chances de sucesso. A sociedade civil é absolutamente contrária a essas propostas”, ressalta Freitas.

Aeronautas realizam assembleias em Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília com indicativo de adesão à greve

Foto: SNA/ Divulgação

Aeronautas realizam assembleias em Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília com indicativo de adesão à greve

Foto: SNA/ Divulgação

A expectativa da CUT/RS é de que a paralisação de setores estratégicos como o transporte coletivo aumente a adesão de categorias de trabalhadores ao movimento em defesa da Previdência e da CLT. Segundo Nespolo, diversas categorias de trabalhadores já realizaram assembleias e declararam apoio e participação à Greve Geral de 28 de abril e muitos setores ainda estão se organizando internamente. “Além dos rodoviários metropolitanos, irão paralisar os metroviários que decidiram pela greve de 24 horas, os trabalhadores do Polo Petroquímico, metalúrgicos, bancários, policiais civis, os municipários que agregam a luta contra a PEC 55 do ajuste fiscal, em Porto Alegre, Rio Grande, Pelotas, São Leopoldo, Canoas, Gravataí, os caminhoneiros filiados ao histórico Sindicato dos Trabalhadores Autônomos de Cargas (Sinditac) de Ijuí, os professores da rede particular de ensino em todo o estado e outras categorias que estão organizando reuniões setoriais e assembleias. As condições de fazer uma greve geral estão se espraiando”, explica.

A greve conta com o apoio do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), da Via Campesina, do Movimento dos Pequenos Agricultores, e ainda da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul (Fetraf Sul) e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar no Rio Grande do Sul (Fetag).

Em assembleia realizada pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) na segunda-feira, 24, em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Brasília e Campinas, pilotos e comissários de voo decidiram decretar Estado de Greve contra a Reforma Trabalhista. Nova assembleia será feita na quinta-feira, 27, para que a categoria delibere sobre a realização da paralisação, caso não haja recuos no texto do projeto de lei.

Uma plenária das centrais sindicais irá definir os últimos preparativos para a Greve Geral organizada em parceria por todas as centrais e em conjunto com as entidades filiadas e com os movimentos sociais. O encontro será na quarta-feira, 26, às 9h, no auditório do SindBancários, no centro de Porto Alegre.

Professores do ensino privado aderem à greve

Pelo segundo ano consecutivo os trabalhadores do ensino privado decidiram aderir ao movimento liderado por sindicatos e movimentos sociais contra as reformas da Previdência e das leis trabalhistas. Em 11 de novembro de 2016, a categoria teve ampla participação na greve contra a PEC 241/55, que congelou por 20 anos o orçamento da União, com graves consequências para a educação e a saúde; contra a MP 746, que reforma o ensino médio e em repúdio às primeiras movimentações do governo com vistas à reforma da Previdência. Na próxima sexta-feira, os professores das instituições particulares de ensino estarão novamente mobilizados, desta vez na Greve Geral contra as reformas previdenciária e trabalhista e contra as terceirizações.

No Rio Grande do Sul, os professores associados ao Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinpro/RS) votaram pela adesão à Greve Geral em uma consulta on-line realizada pelo Sindicato na última semana. Dos participantes, 74% votaram a favor. A direção do Sinpro/RS também encaminhou correspondência a todas as direções das instituições de ensino destacando o apoio do Sindicato à manutenção da filantropia (que será comprometida com a proposta de reforma da Previdência), o compromisso com a recuperação das atividades letivas que deixarão de ocorrer no dia 28 e o pedido para que seja respeitada a decisão dos professores de participação na Greve Geral. “Os professores do ensino privado são duramente atingidos tanto pela reforma trabalhista quanto pela previdenciária, diante do que temos a certeza de que se empenharão nos próximos dias em organizar, nos seus locais de trabalho, a participação na Greve Geral da próxima sexta-feira”, destaca Marcos Fuhr, diretor do Sinpro/RS.

O Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro/SP) declarou na semana passada que a categoria vai parar também no dia 28. Sindicatos da rede particular do Rio de Janeiro e de Campinas (SP) também pretendem aderir ao movimento. Levantamento preliminar do Sindicato na capital paulista prevê a paralisação de ao menos cem escolas na cidade. Para aumentar esse número, o Sindicato fará mobilização junto às instituições.

O Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinproep) confirma que haverá suspensão das aulas na sexta-feira, 28. Segundo o Sindicato, professores de mais de 40 escolas já confirmaram a participação da Greve. Com indicativo de paralisação contra as reformas, o Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro Minas) realiza assembleia geral dos professores de Belo Horizonte e região na manhã de sexta-feira. O Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) convocou assembleias em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Porto Alegre para esta segunda-feira, 24, para deliberar sobre a adesão da categoria.

Comentários