ECONOMIA

Perspectivas econômicas para o Rio Grande do Sul em 2009

Por José Antônio Alonso / Publicado em 17 de junho de 2009

Não é fácil a tarefa de definir as perspectivas para a economia gaúcha em 2009. Há, pelo menos, dois movimentos que operam na contramão do crescimento econômico do estado. De um lado, os desdobramentos da crise econômica internacional que batem mais fortes em economias regionais com elevada abertura para o mercado externo, como é o caso do RS. De outro lado, os efeitos negativos introduzidos pela prolongada estiagem sobre a agropecuária gaúcha. A combinação desses dois movimentos resultará em baixas taxas de desempenho do produto em 2009, podendo-se esperar até mesmo taxas negativas de crescimento.

Observando-se as previsões (IBGE, março/09) para a safra de verão (2008/2009), verifica-se que para quatro produtos (arroz, feijão, milho e soja) o RS terá uma expansão da produção física de 3% contra 5,86% negativos para o Brasil. O resultado parece auspicioso na medida em que é melhor do que a situação do país. Se desdobrarmos o resultado global, veremos que o mesmo é assegurado pelo bom desempenho do arroz (5,42%) e da soja (10,58%) que mais do que compensam o mau desempenho do milho (-11,74%). Não seria um resultado pior se não fosse a importância que este produto tem na composição das rações para aves e suínos, dois segmentos relevantes do agronegócio gaúcho, que terão problemas de abastecimento e custos mais altos com esses insumos.

 

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Com relação à indústria, os números não são nada animadores. A pesquisa mensal do IBGE sobre a produção física aponta uma taxa de -10,1% em março, resultado igual ao do Brasil. Já no acumulado janeiro/março, a taxa foi de -16,9%, e nos últimos 12 meses, -3,3%, números piores do que os do país. A retração do mercado externo é o principal responsável pela queda da produção industrial.

As exportações gaúchas despencaram tanto em volume (-29,4%) quanto em preço (-3,8%). Os segmentos mais afetados foram os produtos alimentícios (-7,50%), os produtos do fumo (-25,4%), os artefatos de couros e calçados (-37,5%), as máquinas e equipamentos (-25,1%) e os veículos automotores (-49,7%).

Ainda é cedo para arriscar previsões para o restante do ano. Todavia, essa tendência inicial tem todos os ingredientes para indicar que estamos caminhando para um período de esfriamento econômico, talvez até recessivo, com aumento do desemprego, suspensão, ainda que temporária, de investimentos e contenção do gasto público. Esse último item é agravado com a falta de rumos do governo do estado, que nessa hora deveria estar firme na coordenação de estratégias para reverter o quadro que se apresenta.

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