MOVIMENTO

Movimento cobra justiça para Mariana Ferrer

Cenas de vítima de violência sexual sendo humilhada e agredida por advogado em julgamento absurdo, diante da omissão de juiz e promotor, causa revolta em todo o país
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 5 de novembro de 2020
Protestos são organizados nas principais capitais até domingo. Repúdios à violência e impunidade inundaram as redes sociais

Foto: Twitter/ Reprodução

Protestos são organizados nas principais capitais até domingo. Repúdios à violência e impunidade inundaram as redes sociais

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A comoção com o caso Mariana Ferrer mobilizou a sociedade em ritmo recorde. O vídeo em que a promoter aparece em uma sessão judicial sendo humilhada pelo advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho repercutiu fortemente no mesmo dia de sua divulgação, terça-feira, 3. Termos relacionados ao caso entraram nos trending topics do Twitter Brasil poucas horas após a reportagem do The Intercept que denunciou o fato. Em menos de 30 horas, site de petições on-line anunciou que a causa que pede justiça bateu o recorde nacional e ativistas no país inteiro se movimentam para exigir providências.

Pouco antes das 17h dessa quarta-feira, 4, a Change.org anunciou que a petição “Justiça por Mariana Ferrer” bateu o recorde de adesões de uma petição brasileira em sua plataforma. A iniciativa criada em junho passado ultrapassou os 4 milhões de assinaturas de cidadãos que cobram ações de órgãos como Ministério Público e Tribunal de Justiça de Santa Catarina para a revisão do caso que acabou inocentando o empresário André Camargo Aranha da acusação de estupro de Mariana.

A Change.org é uma organização beneficente com sede em San Francisco, Califórnia, e tem mais de 400 milhões de usuários. O recorde global da instituição foi contabilizado em junho passado. Foi a petição por justiça para George Floyd, morto por asfixia por um policial nos Estados Unidos.

Manifestações crescem nas capitais

A repercussão do caso acelera o Projeto de Lei para instituir o Estatuto da Vítima (PL 3890/20) pronto para tramitar no Congresso

Foto: Twitter/ Reprodução

A repercussão do caso acelera o Projeto de Lei para instituir o Estatuto da Vítima (PL 3890/20) pronto para tramitar no Congresso

Foto: Twitter/ Reprodução

Grupos de apoio a vítimas de violência também estão em pleno movimento. Manifestações em apoio à jovem, como atos e passeatas estão sendo agendadas em diversas capitais do País para este próximo domingo, 8.

Em Porto Alegre, a atividade será realizada no Parque da Redenção a partir das 15h. Em São Paulo, o tradicional ponto de encontro de ativistas, o Masp, acolherá a manifestação às 13h. No Rio de Janeiro, às 14 horas, será na Cinelândia, centro da capital Fluminense.

Também estão marcados atos no domingo, em Campo Grande (MS), no Aquário do Pantanal, às 15h; e em Recife, às 14h, no Parque Treze de Maio. Em Florianópolis, onde ocorreu o crime, também ocorrerá ato, com manifestação marcada para às 15h na Avenida Rio Branco.

No sábado, outras três capitais: Palmas, na Praça dos Girassóis às 15h; Maceió, na Avenida Fernandes Lima, às 14h, e em Brasília, na Praça dos Três Poderes, também às 15h.

Para todas as atividades, os organizadores enfatizam a importância da utilização de máscaras e distanciamento devido a pandemia.

Estatuto da Vítima

A repercussão do ocorrido com Mariana deve ajudar a acelerar o Projeto de Lei para instituir o Estatuto da Vítima (PL 3890/20) que já está pronto para tramitar no Congresso Nacional.

De autoria do deputado federal Rui Falcão (PT-SP), o PL foi elaborado com a contribuição de 30 parlamentares. A ideia é alterar partes do Código do Processo Penal para assegurar um tratamento individualizado, profissional e não discriminatório às vítimas durante um processo judicial. Entre outras questões, o PL revoga prazos que correm contra as vítimas.

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