MOVIMENTO

Fórum defende retomada do saneamento público e universalização dos serviços

Sindicalistas e movimentos sociais de diversos estados buscam reverter a privatização do saneamento incentivado pela Lei nº 14.026/2020
Da Redação / Publicado em 29 de abril de 2022
O debate reuniu sindicalistas do Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paraná, onde foi encaminhada a formulação de um documento conjunto (que inclui demais estados) com propostas para o próximo governo

Foto: Fórum das Resistências/Sindiágua/Divulgação

O debate reuniu sindicalistas do Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paraná

Foto: Fórum das Resistências/Sindiágua/Divulgação

O Fórum Social das Resistências 2022, realizado em Porto Alegre, começou com uma grande marcha de movimentos sociais, partidos de oposição e entidades de classe na noite do dia 26 e totalizará 100 mesas debates até o sábado, 30, véspera dos atos de 1º de maio.

No primeiro dia de debates, 27, um dos destaques foi o painel Privatização do saneamento no Brasil: quem perde, quem ganha?. Na ocasião, foi articulado um movimento nacional para reverter a entrega dos serviços de água e esgoto para exploração privada, estimulado pelo novo marco legal do saneamento instituído pela Lei nº 14.026/2020.

O debate reuniu sindicalistas do Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paraná, onde foi encaminhada a formulação de um documento conjunto com as diretrizes a serem adotadas por um eventual próximo governo progressista.

“Vamos reunir todos os estados e produzir uma proposta. Uma semente para ter saneamento público de qualidade rumo à universalização”, enfatizou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente de São Paulo (Sintaema/SP), José Faggian.

“O momento é de luta e resistência”, acentuou o presidente do Sindiágua/RS, Arilson Wünsch. Ele relatou as ofensivas em andamento para privatizar a Corsan e enfatizou a importância de eleger parlamentares comprometidos com a pauta do saneamento público, o que foi reforçado pelos participantes, como a ambientalista de Ijuí, Rosane Simon.

“Esta união de forças, de troca de experiências, de reflexão sobre os temas cruciais do Brasil e também do mundo permite articulações importantes para as transformações necessárias num momento de crises tão profundas”, salientou Arilson, ao destacar a importância do Fórum Social das Resistências, que está sendo realizado na capital gaúcha.

Articulação nacional para reverter privatizações

“Como a necessidade de revogar a reforma trabalhista, precisamos mudar também o que foi mudado no processo da privatização do saneamento”, enfatizou o diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Saneamento e Meio Ambiente do Rio de Janeiro e Região (Sintsama/RJ), Paulo Sérgio Farias, que atua na defesa da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae).

O dirigente defendeu a retomada de um projeto de país com desenvolvimento sustentável e urbanização das periferias, colocando a classe trabalhadora no orçamento público com projetos de engenharia e inteligência para as cidades. “É necessário um novo pacto civilizacional com grande mobilização para solidificar a resistência em defesa da vida, da democracia e da valorização do trabalho”, ressaltou Farias.

“A nova lei não é para universalizar o saneamento. É para facilitar a entrega para exploração privada do filé mignon da água e esgoto, gerar lucro para o capital e atender o interesse nas corporações. Essa lei vai piorar tudo e desestabilizar o que existe hoje”, enfatizou Faggian.

“Quem perde com a privatização é a população e não tem justificativa plausível para privatizar as empresas porque são lucrativas e levam a saúde à população”, completou, lembrando que a Sabesp é a maior empresa de saneamento da América Latina e terceira do mundo.

Assista na íntegra:

Bancadas comprometidas com a população

“Universalizar o saneamento é o sonho de todos nós que trabalhamos neste serviço. Mas não como está sendo proposta, destruindo empresas públicas. A Sanepar tem os melhores de qualidade e atendimento com 94% de abastecimento de água e 71% em esgoto”, apontou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Saneamento de Cascavel e Regiões Oeste e Sudoeste do Paraná (Saemac/PR), Rodrigo Picinin.

Todos os painelistas são unânimes sobre a orquestração para entregar os serviços e as riquezas do país. “O golpe de 2016 foi justamente para reduzir o preço da mão de obra, tirar direitos, precarizar e, na outra ponta, entregar as riquezas como água, energia, petróleo e saneamento. É possível fazer saneamento com qualidade e de forma lucrativa”, disse Faggian, expondo o faturamento da Sabesp e as receitas que voltam para investimentos públicos.

Na conclusão do painel, foi reforçado o movimento para ampliar a representação política de candidaturas comprometidas com a proteção dos recursos naturais, diretamente ligados com as mudanças climáticas e a crise hídrica.

Os painelistas acentuaram a defesa da água como direito humano e a urgência nacional de revogar o teto de gastos, as reformas trabalhista e da previdência e assegurar a universalização do saneamento público de qualidade com controle social.

 

 

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