MOVIMENTO

Permanece sem julgamento assassinato de professor gay e sem-terra

No último dia 1º de maio completou um ano, ainda sem julgamento, do assassinato de Lindolfo Kosmaski, aos 25 anos, em São João do Triunfo, no Paraná
Por César Fraga* / Publicado em 2 de maio de 2022

Foto: Rafael Stedile/MST/Divulgação

Características do assassinato de Lindolfo Kosmaski indica crime de intolerância e LGBTfobia

Foto: Rafael Stedile/MST/Divulgação

No último dia 1º de maio completou um ano, ainda sem julgamento, do assassinato do jovem gay Lindolfo Kosmaski, aos 25 anos, em São João do Triunfo, município com 15 mil habitantes, a 128 quilômetros de Curitiba, no Paraná. O jovem era membro do Movimento Sem Terra (MST) e professor da rede estadual.  Ele militava em várias frentes: educação, reforma agrária e direitos LGBTQIA+, além de cursar mestrado na Universidade Federal do Paraná, no programa Educação em Ciências e em Matemática. Ele também foi candidato a vereador do munícipio em 2020

A última vez que Lindolfo foi visto com vida pelos seus familiares foi no dia 30 de abril de 2021, na véspera dos atos do Dia do Trabalhador, dos quais participava da organização. Neste mesmo dia comprara carne de porco, pediu que sua mãe preparasse e saiu para comprar refrigerante. Nunca mais voltou. Foi encontrado carbonizado no dia seguinte no banco de passageiro com dois tiros do seu próprio carro, abandonado em uma estrada rural às margens da BR 151.

O ativista era professor da rede estadual e cursava mestrado na Universidade Federal do Paraná, no programa Educação em Ciências e em Matemática. Ele também foi candidato a vereador do munícipio em 2020.

Na sexta-feira, 6 de maio, o MST fará um ato para lembrar os 365 dias sem justiça para Lindolfo.

Como foi

Segundo a advogada Micheli Toporowicz, que atua no caso de Lindolfo, no bar em que parou, após deixar a casa para comprar um refrigerante, houve uma discussão e a briga teria ocorrido no trajeto entre o bar e a casa do acusado. A motivação teria sido, de fato, a orientação sexual da vítima. Um dos acusados alega que a vítima teria tentado uma aproximação e ele não teria aceitando e reagiu. “Após ambos saírem do bar, a vítima foi agredida e morta, e depois teve seu corpo carbonizado”, diz a advogada.

De acordo com amigos próximos a Lindolfo, um dos acusados teria desprezo pelo fato do professor ser gay e sentir alguma atração por ele. Nesse sentido é que as acusações para crime de intolerância e LGBTfobia se tornam ainda mais claras.

O caso foi investigado pela 3° Subdivisão da Polícia Civil de São Mateus do Sul e a investigação teve participação ativa do Ministério Público e da Assistência de Acusação e os três acusados permanecem presos à espera do julgamento.

De acordo com a advogada, o processo se encontra em fase final da instrução e foram realizadas quatro audiências para que fosse possível ouvir todas as testemunhas e os acusados. Para que haja o encerramento da instrução processual ainda é necessária a vinda do último laudo da Polícia Cientifica. Após o encerramento da fase de instrução, a Assistência de Acusação espera que os dois acusados sejam pronunciados e levados ao Tribunal do Júri.

Histórico de ameaças

Ataques homofóbicos iniciaram já quando ele passou a cursar a licenciatura mas foram piorando. Passou a ser alvo de discursos de ódio e a sofrer ameaças, inclusive de morte, em seus perfis nas redes sociais quando se candidatou a vereador pelo Partido dos Trabalhadores (PT). “Seu maldito, você tem que morrer, não vamos aceitar viadinho na cidade”, era o tom dos ataques, emitidos por pessoas da região identificadas como antipetistas e pró-governo.

*Com informações da página do MST e Polícia Civil do Paraná

 

Comentários