MOVIMENTO

Fórum Social Mundial 2023 começa com programação intensa em Porto Alegre

São mais de 170 atividades programadas até o próximo sábado, 28, com a participação de 1,8 mil inscritos e presença de cinco ministros do governo Lula
Por Stela Pastore / Publicado em 23 de janeiro de 2023

“A democracia no Brasil está por um fio e os fascistas não vão desistir. A multipolaridade que vivemos é uma oportunidade que pode nos favorecer em que o país pode escolher os parceiros em diferentes frentes de maneira soberana”, resumiu Tarso Genro, ex-prefeito, ex-governador e ex-ministro do governo Lula, no debate A luta dos povos no contexto do nascimento de um mundo multipolar, realizado nesta segunda a noite fórum

Foto: Jorge Leão/Sindijors

Com o tema Outro mundo é possível – Democracia, Direitos dos Povos e do Planeta, o encontro reúne inúmeras lideranças sociais além de vários ministros que confirmaram presença no evento organizado pelas centrais sindicais e movimentos populares do Rio Grande do Sul e do Brasil.

“Com a vitória da democracia em outubro de 2022, o Brasil abriu uma janela de oportunidade para si e para o mundo na luta contra o fascismo, o racismo, o patriarcado e as desigualdades. A posse do Presidente Lula, irá demarcar uma mudança da correlação de forças, não apenas no Brasil, mas em todo Continente e no Mundo”, resume o documento de convocação do FSM.

“A metodologia do Fórum, inaugurada em Porto Alegre entre 2001 e 2005, de espaço de convergência e de diálogo, possibilitou a construção de estratégias que contribuíram para o sucesso de governos democráticos da América Latina e outros locais”, explica o integrante do Instituto Idhes Mauri Cruz, um dos coordenadores do FSM.

“A expectativa é que ocorra novamente diante da necessidade de redefinição de estratégias no mundo multipolar e de crescimento da extrema direita de forma radical do e a necessidade de reposicionamento do campo democrático e popular e o FSM cumprindo um papel como espaço de construção desse novo pensamento”, destaca.

Confira a programação do Fórum

A tradicional marcha de abertura, que colore as ruas da capital gaúcha desde sua criação em 2001, ocorre nesta quarta-feira, 25, a partir das 17h, saindo do Largo Glênio Peres até a Praça da Matriz.

O evento encerrará no sábado, 28, com uma agenda cultural no Festival Social Mundial, no Parque da Redenção.

Durante toda a semana ocorre a Feira da Economia Solidária na praça XV de Novembro, junto ao Mercado Público.

Na pauta das discussões, a questão indígena, o acesso à água pública, a crise climática, o decrescimento necessário para a sustentabilidade, o direito à cidade, os desafios da comunicação na democracia, a justiça fiscal na redução da desigualdade, o fortalecimento dos Sistema Público de Saúde no pós-pandemia, a participação direta e o controle social das políticas públicas e o papel da educação pública de qualidade.

Mundo multipolar

“A luta dos povos no contexto do nascimento de um mundo multipolar” foi a primeira mesa de convergência, realizada nesta segunda-feira, às 19h, no Auditório Dante Barone da Assembleia Legislativa do RS, onde ocorrem as principais atividades.

O ex-governador, Tarso Genro, a ex-presidenta do Conselho Mundial da Paz, Socorro Gomes, a representante da Palestina, Mariam Barghouti, e o presidente da Fundação Maurício Grabois (FMG-RS) e diretor Nacional do Cebrapaz, Raul Carrion, foram os debatedores do tema com participações em vídeo de representações da China, Rússia, Cabo Verde e Benin.

As deputadas eleitas Laura Sito (PT) e Bruna Rodrigues (PCdoB) coordenaram a mesa.

“Morrem hoje mais negros e mulheres do que em qualquer guerra no mundo. A África, a periferia, povos tradicionais não podem ser alvo, mas estar junto para construir soluções nesse mundo multipolar”, enfatizou a médica e presidente do Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos de Matriz Africana (Fonsanpotma), Kota Mulanji.

Mariam Barghouti relatou o desafio diário de sobreviver no território palestino, onde 50% estão em diáspora. Metade da população não conhece e nunca conhecerá a própria família. “Ideologias etnoreligiosas contribuem para limpeza étnica e demográfica”, relatou a jovem. fórum

Neste primeiro dia também ocorreu a abertura do FSM da Pessoa Idosa abordando os diferentes desafios frente ao envelhecimento populacional.

Ministros de várias áreas

As políticas do novo governo brasileiro estarão em debate com a presença de vários integrantes do governo Lula.

O secretário nacional de Economia Solidária, Gilberto Carvalho, estará na mesa da Economia Solidária, Tecendo Redes, Transformando Realidades, Reconstruindo o Brasil, na quarta, 25, às 14h, no Dante Barone.

Dia 25, 9h, o Ministro do Trabalho, Luiz Marinho, participa da mesa Sindicalismo, trabalho decente, salário igual.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, estará no Plenarinho da ALRS, na quinta-feira, 26, às 16h, participando de atividade do Conselho Nacional de Saúde. Às 19h, a ministra do Meio Ambiente Marina Silva estará na mesa Fortalecer a terra, alimentar o Brasil.

Na sexta-feira, 27, às 14h, o secretário-geral da Presidência, Márcio Macedo, participa da mesa Democracia Participativa e Controle Social, também no Dante Barone.

Combate à educação mercantilizada

A educação é tema de diferentes abordagens na programação especialmente após o desmonte e sucateamento realizado no período do governo de Jair Bolsonaro.

“Educação pública, de qualidade, direito de todas e de todos, não remetida nunca à condição de mercadoria. Essa é a principal premissa que precisa permear todas as políticas do atual governo federal”, registrou Salete Valesan, representante do Conselho Latinoamericano de Ciência Sociais (Clacso) no Conselho Internacional do FSM.

Para ela, o país precisa recuperar a rede pública de ensino, da educação infantil ao ensino superior com investimento nos profissionais, no ensino aprendizagem, na infraestrutura, na alimentação, nos livros e nos materiais didáticos.

“Fundamental investir em pesquisa, desde a iniciação científica até a pesquisa de ponta, bem como, na pós graduação. Com escolas, laboratórios e universidades destruídas, não se recupera um país”, concluiu a educadora.

Para os organizadores, a edição deste ano marca uma mudança de rumos no maior país da América Latina.

“Essa mudança é popular, é democrática, é negra, é indígena, é feminista, é em defesa do meio ambiente e só será efetiva se houver organização e mobilização popular desde o princípio”, registra o documento.

Locais das atividades

As atividades ocorrem especialmente nos espaços da Assembleia Legislativa do RS e em outros locais chamado de território do FSM, como nos auditórios da Câmara de Vereadores, da CUT, do Sindibancários, Simpa, Adurgs Sindical, Cpergs, Camp, Memorial Luís Carlos Prestes, Ministério Público Federal, Fundação Ecarta entre outros.

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