POLÍTICA

Bolsonaro cancela protesto contra o Congresso e STF

Convocada pelo próprio presidente para o próximo domingo, 15, manifestação já registrava queda no engajamento nas redes sociais e restrita a grupos mais ideológicos
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 13 de março de 2020

Foto: Reprodução Youtube

Na live, de máscara, pela suspeita de contágio pelo coronavírus, ao lado do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, Bolsonaro antecipou temas que abordaria em rede nacional à noite.

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No final da tarde desta quinta-feira, 12, o presidente Jair Bolsonaro fez uma live em sua página no facebook pedindo que as manifestações contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF)  fossem adiadas em função do risco de contágio do coronavírus. “Já foi dado um tremendo recado ao parlamento”, disse.

O “apelo” de Bolsonaro soou para analistas políticos na realidade como um recuo tático. Empresas especializadas em monitoramento de redes sociais já haviam detectado uma queda no engajamento pelas manifestações nas redes sociais desde o início da semana.

Para Pedro Bruzzi, da consultoria Arquimedes, “a pauta continua bem fraca, restrita aos grupos mais ideológicos. Hoje tentaram uma operação pesada subindo a hashtag #Dia15VaiSerGigante. Alcançou os trending topics (temas mais comentados do Twitter), mas dólar a R$ 5,00  e coronavírus atropelaram. Eles não estão com hegemonia sobre a pauta”, afirmou.

Para os especialistas, a pauta econômica desgasta Bolsonaro e mudar de assunto o favorece. Por isso a série de tentativas realizadas pelo residente. A Arquimedes de 2 a 6 de março coletou 208 mil manifestações sobre o PIB: 81,16% eram desfavoráveis ao governo.

Outro estudo, da AP Exata que foi distribuído a bancos e empresas do setor financeiro diz que “o governo vem perdendo a guerra da dominância narrativa nas redes. Seus apoiadores fazem muito barulho, mas só têm influenciado uma bolha cada vez mais radicalizada”.

Segundo Sergio Denicole, da AP Exata, se antes a “capilarização” abrangia outras bolhas, como a anti-PT, anti-corrupção ou a moralista, ela agora está “focada apenas no público que o idolatra”, se referindo ao presidente.

Denicole entende que a militância nas redes “já não consegue ultrapassar essa barreira, mesmo com a atuação de perfis de interferência que defendem o bolsonarismo nas redes”. Esses perfis são, por exemplo, robôs, perfis fakes e adeptos. É isso que, de acordo com a análise da AP Exata, explica Bolsonaro “ter convocado pessoalmente as pessoas às ruas”.

Uma coisa é certa: após uma série de idas e vindas, usando máscara cirúrgica ao lado do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, Bolsonaro “convenceu” a maioria de seu apoiadores a não sair às ruas no dia 15. A maioria, não todos.

Para Anilo Anunciato, do Movimento Conservador (ex- Patriotas do Brasil), “nós vamos para a Avenida Paulista. Isso (coronavírus) é coisa que a China está inventando. A nossa ideia é levar até um milhão de pessoas às ruas, mas pode ser que esse número seja reduzido por causa disso”.

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