POLÍTICA

CPI da Pandemia analisa plano de trabalho e começa a votar requerimentos

Primeiros a depor serão ministro da Saúde, Marcelo Queiroga e seus antecessores; Guedes, da Economia; Antônio Barra Torres, diretor da Anvisa; além de assessores de Bolsonaro
Da Redação / Publicado em 28 de abril de 2021
Paulo Guedes, da Economia, está entre os ministros de Bolsonaro que os senadores devem convocar para depor

Foto: Marcos Corrêa/PR

Paulo Guedes, da Economia, está entre os ministros de Bolsonaro que os senadores devem convocar para depor

Foto: Marcos Corrêa/PR

A CPI da Pandemia se reúne nesta quinta-feira, 29, para analisar o plano de trabalho que deve ser proposto pelo relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL). Na reunião de terça-feira, 27, o parlamentar antecipou alguns encaminhamentos que pretende sugerir para as investigações. Renan defende, por exemplo, a convocação do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e dos três antecessores: Eduardo Pazuello, Nelson Teich e Luiz Henrique Mandetta.

O relator da CPI da Pandemia anunciou ainda que pretende solicitar informações sobre contratações e tratativas para a aquisição de vacinas, além de todas as regulamentações do governo federal para temas como isolamento social e quarentena. Renan Calheiros afirmou que deve solicitar registros do Poder Executivo sobre medicamentos sem eficácia comprovada e “tratamentos precoces”.

O plano de trabalho ainda não foi divulgado oficialmente. O relator pretende incluir no texto sugestões apresentadas por outros integrantes da CPI da Pandemia, como Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Eduardo Girão (Podemos-CE), Humberto Costa (PT-PE) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

“Eu queria combinar para darmos um prazo para que quem quiser apresentar propostas para um plano de trabalho possa fazê-lo. Para que, eventualmente, não pareça que essa é uma proposta do Alessandro ou do Randolfe ou do Renan ou do Humberto Costa apenas. Tudo aqui será votado pela maioria, e eu, à medida que o trabalho avançar, serei cada vez menos um relator monocrático, porque quero ser um sistematizador, um redator de tudo que evidentemente se discute aqui”, disse Calheiros.

Requerimentos

O presidente da CPI, Omar Aziz, entre o vice, Randolfe Rodrigues (E), e o relator, Renan Calheiros, na reunião de terça-feira que definiu presidência e relatoria da CPI

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

O presidente da CPI, Omar Aziz, entre o vice, Randolfe Rodrigues (E), e o relator, Renan Calheiros, na reunião de terça-feira que definiu presidência e relatoria da CPI

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Até a manhã desta quarta-feira, 28), a CPI da Pandemia recebeu 173 requerimentos – 58 para a convocação de testemunhas. Além dos quatro ministros da Saúde que atuaram durante a pandemia de coronavírus, há requerimentos para a convocação de outros três auxiliares do presidente Jair Bolsonaro: Paulo Guedes (Economia), Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia e Inovações) e Wagner Rosário (Controladoria-Geral da União).

Se os requerimentos forem aprovados, Paulo Guedes deve ser ouvido sobre o auxílio emergencial e outras medidas econômicas de contenção da pandemia. Marcos Pontes será chamado a falar sobre o desenvolvimento de vacinas contra a covid-19, enquanto Wagner Rosário deve depor sobre o eventual desvio de recursos transferidos pela União para estados e municípios.

Incompetência e ineficiência no ministério

O cardiologista Marcelo Queiroga e seus três antecessores no Ministério da Saúde serão convocados a prestar informações sobre má gestão da pandemia

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

O cardiologista Marcelo Queiroga e seus três antecessores no Ministério da Saúde serão convocados a prestar informações sobre má gestão da pandemia

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

Os senadores apresentaram ainda requerimentos para ouvir o ex-secretário especial de Comunicação Social da Presidência da República, Fabio Wajngarten. Em entrevista à revista Veja, Wajngarten afirmou que houve “incompetência” e “ineficiência” de gestores do Ministério da Saúde para negociar a compra de vacinas.

Outros requerimentos sugerem a convocação do ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, para esclarecer o processo de aquisição de insumos e vacinas no mercado internacional. Os parlamentares apresentaram ainda um pedido para a convocação do ex-comandante do Exército, general Edson Pujol. Durante a gestão dele, o Laboratório do Exército intensificou a produção de cloroquina, um medicamento sem eficácia comprovada contra a covid-19.

Ex-secretário Especial de Comunicação Social, Fábio Wajngarten. disse à Veja que houve “incompetência” e “ineficiência” de gestores do ministério para negociar a compra de vacinas

Foto: Anderson Riedel/PR/ Arquivo

Ex-secretário Especial de Comunicação Social, Fábio Wajngarten. disse à Veja que houve “incompetência” e “ineficiência” de gestores do ministério para negociar a compra de vacinas

Foto: Anderson Riedel/PR/ Arquivo

Outro nome que aparece entre os requerimentos de convocação é o do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em março do ano passado, ele decidiu que governadores e prefeitos podem adotar medidas para o enfrentamento do coronavírus – assim como o presidente da República.

O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, também figura entre os potenciais convocados. Ele deve falar sobre ações de vigilância e mapeamento da pandemia; promoção de tratamentos ineficazes; falhas no planejamento de fornecimento de insumos básicos como oxigênio e medicamentos; e atraso e omissão para a compra de vacinas.

Um requerimento à Presidência da República solicita informações sobre os deslocamentos do presidente Jair Bolsonaro pelo comércio de Brasília e pelo Entorno do Distrito Federal desde março do ano passado. Além de datas e locais frequentados, a planilha deve informar todas as “autoridades envolvidas” nas movimentações.

Desvio em estados e municípios

"O país tem o direito de saber quem contribuiu para as milhares de mortes, e eles devem ser punidos imediata e emblematicamente", afirmou Calheiros ao assumir como relator da CPI da Pandemia

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

“O país tem o direito de saber quem contribuiu para as milhares de mortes, e eles devem ser punidos imediata e emblematicamente”, afirmou Calheiros ao assumir como relator da CPI da Pandemia

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

O suposto desvio de recursos repassados pela União a estados e municípios é tema de uma série de requerimentos de convocação e pedidos de informação. Os senadores sugerem a oitiva do diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino. Se o requerimento for aprovado, ele deve expor detalhes de 76 operações realizadas para investigar desvios de R$ 2,1 bilhões em contratos firmados por estados e municípios no enfrentamento à pandemia.

Também devem ser convocados para discutir o assunto representantes do Fórum dos Governadores e do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, além do prefeito de Manaus (AM), David Almeida, e do secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo.

O assunto também é objeto de requerimentos de informação ao Tribunal de Contas da União (TCU), ao Ministério Público Federal, aos governos dos 26 estados e do Distrito Federal e às prefeituras de todas as capitais e municípios com até 200 mil habitantes. Também devem prestar informações sobre o tema as diretorias-gerais de Polícia Civil, as Procuradorias-Gerais de Justiça e os tribunais de contas dos 26 estados e do Distrito Federal.

*Com informações da Agência Senado.

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