SAÚDE

Brasil recebe lote de 1 milhão de vacinas do consórcio Covax

País era prioritário para receber vacinas suficientes para imunizar toda a sua população com a primeira dose, mas convite foi rejeitado por Bolsonaro
Por Gilson Camargo / Publicado em 19 de março de 2021
Desembarque de vacinas adquiridas via consórcio em Lima, Peru

Foto: Opas/ Divulgação

Desembarque de vacinas adquiridas via consórcio em Lima, Peru

Foto: Opas/ Divulgação

O Brasil deve receber no próximo domingo, 21, o primeiro lote de vacinas contra a covid-19 provenientes do consórcio Covax Facility, com 1.022.400 doses do imunizante.

A entrega das vacinas foi confirmada pela representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) no Brasil, Socorro Galiano, em carta ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que será substituído no ministério pelo cardiologista Marcelo Queiroga.

“É com satisfação que informamos que o primeiro embarque, referente a 1.022.400 doses da vacina contra covid-19, adquiridas através do mecanismo Covax, chegará ao Brasil no dia 21 de março de 2021”, afirma.

A representante da Opas/OMS no Brasil informou que 90% das doses têm vencimento em 31 de maio de 2021 e as demais, em 30 de abril de 2021. A Covax Facility é uma aliança internacional da OMS que tem como principal objetivo acelerar o desenvolvimento e a fabricação de vacinas contra a covid-19 e garantir acesso igualitário à imunização.

A Covax Facility é uma plataforma colaborativa, subsidiada pelos países-membros, que também visa possibilitar a negociação de preços dos imunizantes. De acordo com o comunicado do consórcio, a projeção é que sejam enviadas 330 milhões de doses das vacinas da Pfizer/BioNTech e Oxford/AstraZeneca na primeira metade de 2021 para 145 países integrantes da aliança, que reúne mais de 150 nações.

País terá acesso a 42 milhões de doses pelo consórcio

O Brasil foi convidado a fazer parte da coalizão para garantir vacina contra a covid-19 em abril do ano passado. Pelas normas da Covax, o país estaria entre os cinco primeiros a receber vacinas por sua população superior a 200 milhões de habitantes e poderia encomendar mais de 200 milhões de doses para garantir a primeira dose.

Em maio, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se recusou a integrar o consórcio. Apenas no início de março deste ano Bolsonaro sancionou a Medida Provisória que autorizou a adesão do país ao consórcio.

No entanto, o presidente vetou o dispositivo que dava cinco dias de prazo para a Anvisa aprovar vacinas autorizadas por agências de outros países.

Pela Lei 14.121, de primeiro de março, o Brasil deve receber 10,6 milhões de doses de vacinas pela Covax no primeiro semestre. O acordo com a OMS prevê o recebimento de um total de 42 milhões de doses ao custo de R$ 2,5 bilhões.

O governo federal assinou contratos com as farmacêuticas Janssen, do grupo Johnson & Johnson, e Pfizer, que asseguram a entrega 138 milhões de doses de vacinas contra a covid-19. São 100 milhões de doses da Pfizer, com previsão de entrega até o terceiro trimestre, e 38 milhões da Janssen, que devem chegar ao país até dezembro. Até agora, o país vacinou cerca de 11 milhões de pessoas com a primeira dose, o que representa pouco mais de 5% da população. A segunda dose foi aplicada em 4,1 milhões, ou menos de 2% da população.

AMÉRICAS – Nos últimos dias, mais três países das Américas receberam suas primeiras doses de vacinas contra a covid-19 adquiridas por meio do mecanismo Covax, um esforço global da Coalizão para Inovações em Preparação para Epidemias (CEPI), Gavi, Vaccine Alliance , Unicef, Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e Organização Mundial da Saúde (OMS).

O Peru recebeu 117 mil doses da vacina Pfizer/BioNTech na quarta-feira, 10. No dia seguinte, a Guatemala recebeu 81,6 mil doses da AstraZeneca, fabricada pela SK Bioscience, da República da Coreia, e El Salvador recebeu 33,6 mil doses da mesma fabricante. A Colômbia foi o primeiro país do continente a receber as vacinas pelo Covax com a entrega da vacina Pfizer/BioNTech em 1º de março. Os próximos países que devem receber vacinas adquiridas pelo consórcio, além do Brasil, são Honduras, Jamaica, Paraguai, Nicarágua e Bolívia.

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