EDUCAÇÃO

Ser Educacional anuncia incorporação da Laureate

Negociação que no RS envolve a UniRitter e a Fadergs resultará no quarto maior grupo educacional de ensino superior do país. Operação depende de aprovação do Cade
Por Gilson Camargo / Publicado em 14 de setembro de 2020
Centro Uninassau, em Recife, uma das unidades da Ser Educacional, atual quinto maior grupo educacional privado do país

Foto: Uninassau/ Divulgação

Centro Uninassau, em Recife, uma das unidades da Ser Educacional, atual quinto maior grupo educacional privado do país

Foto: Uninassau/ Divulgação

Um dos maiores grupos privados de educação do Brasil e líder nas regiões Nordeste e Norte em alunos matriculados, o Grupo Ser Educacional anunciou nesta segunda-feira, 14, em comunicado aos acionistas, a assinatura de contrato com valor estimado em R$ 4 bilhões para a incorporação dos negócios no Brasil da Rede Internacional de Universidades Laureate. O montante engloba o pagamento em caixa de R$ 1,7 bilhão pela Ser, o recebimento de dívida líquida de R$ 623 milhões e entrega de 44% das ações da nova companhia à Laureate – que no Rio Grande do Sul controla a UniRitter campi Porto Alegre e Canoas, a Fapa e a Fadergs. Caso venha ser concretizada, a transação resultará no quarto maior grupo de ensino privado do país, com ações na Bolsa de Valores, em um ranking liderado atualmente pela Kroton, Estácio de Sá e Unip.

Quarta maior rede de ensino privado do país, a Laureate Brasil atua em oito estados e 13 cidades, com 50 campi universitários e aproximadamente 267 mil estudantes. Os ativos incluem as unidades do Centro Universitário FMU e da Universidade Anhembi Morumbi (UAM), em São Paulo; os Centros Universitários Ritter dos Reis (UniRitter) e Fadergs, no Rio Grande do Sul; a Universidade Salvador (Unifacs), na Bahia; a Universidade Potiguar (UnP) no Rio Grande do Norte; o Centro Universitário dos Guararapes (UniFG), em Pernambuco; a Faculdade Internacional da Paraíba (FPB), na Paraíba; o Centro Universitário IBMR (IBMR) no Rio de Janeiro, dentre outras.

Quinto maior grupo educacional privado do Brasil, a Ser Educacional está presente em 26 estados e no Distrito Federal, com uma base consolidada de aproximadamente 185 mil alunos, operando sob as marcas Uninassau (Centro Universitário Maurício de Nassau e Faculdades Uninassau), Uninabuco (Centro Universitário Joaquim Nabuco, Escolas Técnicas Joaquim Nabuco e Maurício de Nassau), Univeritas (Centro Universitário Universus Veritas,  Faculdades Univeritas, Univeritas/Universidade de Guarulhos, Unama (Universidade da Amazônia, Faculdades Unama) e Uninorte (Centro Universitário do Norte). Essas instituições oferecem 1.904 cursos.

Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo, controlada pela Laureate

Foto: Laureate/ Divulgação

Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo, controlada pela Laureate

Foto: Laureate/ Divulgação

Megaempresa de educação terá 450 mil alunos e 100 campi

O negócio criará o quarto maior grupo de ensino superior do Brasil, com aproximadamente 450 mil alunos nas modalidades de ensino presencial e a distância, mais de 100 campi universitários, mais de 500 polos de ensino a distância e ampliará a presença do grupo Ser para 26 estados e Distrito Federal.

O grupo anunciou que a nova companhia, já listada nas ações em bolsa do mercado educacional no Brasil, também passará a ter suas ações negociadas nos Estados Unidos, “e aprimorará seus padrões de governança corporativa” com a criação de diversos comitês estratégicos como o de integração e de auditoria, além dos já existentes, de forma a atender aos padrões de governança estabelecidos pela lei Sarbaes-Oxley (SOX) – legislação antifraudes corporativas em vigor nos EUA.

“O Grupo Ser Educacional, durante os seus 17 anos de trajetória, sempre buscou crescer de forma orgânica e por meio de aquisições. A negociação realizada, com a consequente incorporação da Laureate Brasil ao Grupo, traz benefícios para ambas as companhias e permitirá ao Grupo Ser dar um passo grandioso na consolidação do setor educacional brasileiro”, afirma o CEO da companhia, Jânyo Diniz. Ele destaca que a Laureate Brasil “é referência de oferta de cursos na área de saúde”, especialmente em Medicina, com mais de 800 vagas anuais. “Concluindo a incorporação, iremos agregar 11 instituições de ensino ao nosso portifólio e ampliar nossa presença em quase todos os estados do Brasil, consolidando o grupo como um player nacional”, comemora.

Jânyo Diniz, executivo da Ser Educacional: estratégia agressiva de fusões e aquisições

Foto: Uninassau/ Divulgação

Jânyo Diniz, executivo da Ser Educacional: estratégia agressiva de fusões e aquisições

Foto: Uninassau/ Divulgação

O ACORDO – Nos termos da transação, o Ser Educacional ficará com 100% do capital social e votante de todos os ativos, pagará à Laureate R$ 1,7 bilhão em caixa na data de fechamento da transação e assumirá dívida líquida estimada em R$ 623 milhões. Adicionalmente, a Laureate receberá ações equivalentes a 44% das ações da nova companhia. Com isso a transação, uma vez concluída, resultará em um valor total, incluindo dívidas e outras obrigações, atribuído aos ativos da Laureate no Brasil, com base nas cotações do dólar e preço de fechamento das ações da Ser Educacional em 10 de setembro, de aproximadamente R$ 4 bilhões.

A negociação, que envolve parte em dinheiro e parte em ações, manterá como controlador da companhia o fundador e atual controlador do Grupo Ser Educacional, o paraibano Janguiê Diniz, que segundo a empresa continuará apontando a maioria dos membros do Conselho de Administração da companhia, bem como os seus executivos.

Como resultado da transação, Janguiê passará a ser detentor de 32,1% da companhia, mantendo seu direito de voto como acionista principal e maior acionista individual da nova companhia Ser Educacional.

O fechamento da operação depende de condições precedentes, dentre elas, aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Os termos da negociação estabelecem que a Laureate pode aceitar, no prazo de 30 dias contados da data da celebração do contrato, propostas vinculantes superiores a efetivada pelo Grupo Ser Educacional apresentadas por terceiros interessados (“Go-Shop”). Em caso de haver proposta superior nesse prazo, o Grupo Ser Educacional tem a preferência de igualar qualquer eventual nova proposta, e não havendo interesse nesse sentido, o Grupo Ser Educacional receberá R$ 180 milhões, a título de multa contratual.

Uma vez confimada a ausência de propostas superiores a apresentada pela Ser Educacional, a transação está prevista para ser concluída até o final de 2021.

EMPREGABILIDADE – Em comunicado, a Laureate Brasil informa que, “após uma criteriosa análise global das oportunidades estratégicas para a operação do grupo internacional no país, decidiu assinar um acordo de intenção de negócio com a Ser Educacional” no último domingo, 13. Segundo a companhia, o termo inclui 30 dias de análise de mercado, período em que o grupo norte-americano Laureate International Universities poderá receber novas propostas e negociar com outras empresas, tendo o grupo Ser Educacional a preferência na transação. “Não havendo novos interessados ou não chegando a nenhum acordo com outra companhia, a combinação dos ativos da Laureate Brasil com o grupo Ser Educacional será executada e submetida à aprovação dos órgãos reguladores competentes”.

De acordo com a multinacional, o processo em curso “não impacta os projetos que estão em andamento no país atualmente e o principal objetivo das instituições de ensino superior que compõem a rede Laureate Brasil continua sendo oferecer a melhor experiência na formação para todos os alunos, que não sofrerão qualquer impacto ao longo da jornada”. A empresa destaca que manterá o compromisso com a educação e a empregabilidade e se diz confiante que “uma aliança no setor educacional brasileiro agregará ainda mais valor ao seu papel de oferecer educação de qualidade, de um jeito ainda mais forte e eficiente”. No estado, as instituições controladas pela Laureate enfrentam problemas decorrentes da mercantilização do ensino e são marcadas por demissões de professores.

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