JUSTIÇA

Bolsonaro estimulou população a não usar máscaras, conclui PF

Relatório aponta que presidente praticou delito de contravenção ao associar falsamente a vacina anticovid ao risco de contrair o vírus da Aids
Da Redação / Publicado em 29 de dezembro de 2022

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

Na contramão das recomendações sanitárias para conter a disseminação da covid-19, Bolsonaro fez campanha contra o uso de máscaras

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

A Polícia Federal concluiu o inquérito que investigou o presidente Jair Bolsonaro (PL) por incitação ao crime ao divulgar mentiras sobre o uso de máscaras e associar a vacina anticovid ao contágio por Aids.

No relatório final encaminhado ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, a PF conclui que Bolsonaro incentivou a população a não usar máscara durante a pandemia.

Em um vídeo divulgado em redes sociais em outubro de 2021, o presidente também praticou o delito de contravenção, constatou a PF.

Na gravação, Bolsonaro associa as vacinas contra a covid-19 a um hipotético risco de contrair o vírus da Aids.

Ainda segundo o relatório da PF encaminhado ao STF, o presidente disseminou mentiras e desinformação sobre o uso de máscaras, o que desmobilizou o uso da proteção de forma consciente, direta e voluntária.

No caso das vacinas, Bolsonaro causou “verdadeiro potencial de provocar alarma e atentou contra a paz pública”. O crime de incitação é passível de pena de três a seis meses de prisão em caso de condenação.

De acordo com a delegada da PF, Lorena Lima Nascimento, Bolsonaro recebeu intimação para agendar um depoimento. Como não houve resposta, a corporação concluiu que ele optou por exercer o direito de não se manifestar.

Antes de ser encaminhado à instância do judiciário a ser definida por Moraes, o caso será analisado pelo Ministério Público Federal que decidirá se oferece a denúncia, solicita aprofundamento das investigações ou arquiva o inquérito. Ao final do mandato, em 31 de dezembro, Bolsonaro perde o foro privilegiado de somente ser julgado pelo STF.

Fuga para os Estados Unidos máscaras

Antes de embarcar para os Estados Unidos na quarta-feira, 28, Bolsonaro assinou a nomeação de oito servidores para fazer a sua assessoria como ex-presidente.

Na terça-feira, 27, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) publicou no Diário Oficial da União despacho assinado pelo general Augusto Heleno, autorizando que um dos seus agentes integre a equipe de segurança familiar de Bolsonaro a Miami.

A segundo sargento do Exército, Aline Amâncio de Oliveira, foi designada para a escolta de Bolsonaro e familiares durante a estadia no exterior.

Na noite de quarta, Bolsonaro fez reunião com o general e candidato derrotado a vice-presidente, Walter Braga Neto, e o presidente nacional do PL, Waldemar da Costa Neto, antes de partir rumo a Orlando, na Flórida.

Letícia Firmo, enteada do presidente e filha mais velha de Michelle Bolsonaro, teria embarcado em um voo comercial para Orlando.

Um comboio de quatro carros saiu no início da manhã do Palácio da Alvorada rumo ao Aeroporto Internacional de Brasília. Laura, 12, filha de Michele e Bolsonaro, teria acompanhado os preparativos.

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