JUSTIÇA

Sete foram indiciados por tortura e extorsão em caso Unisuper

Em 12 de outubro, seguranças terceirizados e gerente torturaram dois homens em depósito do supermercado Unisuper, em Canoas
Por César Fraga / Publicado em 16 de dezembro de 2022
Sete foram indiciados por tortura e extorsão em caso Unisuper

Foto: Reprodução/Polícia Civil

Imagens das câmeras de segurança foram recuperadas pela perícia após terem sido apagadas por subgerente; sete foram indiciados

Foto: Reprodução/Polícia Civil

Na manhã desta sexta-feira, 16, a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Canoas cumpriu mandados da operação Market, em decorrência da conclusão da investigação sobre o caso de tortura ocorrido no supermercado Unisuper, em Canoas, no dia 12 de outubro.

Com as investigações encerradas, sete foram indiciados por crime de tortura, inclusive o subgerente, por ter se omitido e escondido provas ao tentar apagar as imagens das câmeras. Além disso, cinco seguranças terceirizados (da empresa Glock Segurança) e o gerente responderão também por extorsão mediante sequestro.

Foram apreendidos dois celulares, porém o delegado Robertho Peternelli, responsável pelo caso, acredita que os suspeitos já tiveram bastante tempo para apagar eventuais provas e trocar de aparelho.

Ainda assim, ele acredita que com o que já foi apurado já existem provas robustas sobre o ocorrido.

“Conseguimos identificar cinco integrantes que participaram diretamente das agressões e que são da empresa de segurança e mais dois, estes ligados ao supermercado.

Dessas sete pessoas, seis foram indiciadas por tortura com a finalidade de obtenção de informações, que é uma modalidade de tortura, e outra que tem a finalidade praticar castigo pessoal; e também por extorsão mediante sequestro”, explica o delegado.

Em entrevista ao Extra Classe, o delegado relatou que, além das torturas físicas, tanto no intuito de obter informações como para infringir algum tipo de justiçamento, os acusados chantagearam as vítimas. Propuseram que só os libertariam mediante pagamento de R$ 800,00 ou seriam mortas.

Mesmo alegando não ter dinheiro, um dos agredidos conseguiu que um filho fizesse um pix de R$ 644,00, valor que foi repassado aos agressores via cartão de débito. A carne que teria sido furtada pelos agredidos também foi dividida entre os agressores.

Peternelli pediu a prisão dos acusados, mas o poder judiciário negou o pedido. “É melhor um inquérito bem construído e com possibilidade de condenação do que prisões eventuais”, relativiza o delegado.

Sessão de torturas

Durante quase uma hora, dois homens, de 32 e 47 anos, um deles negro, foram agredidos dentro do depósito do mercado com socos, chutes, golpes de pedaços de madeira e golpes com pallets. As vítimas de tortura estariam furtando carnes no supermercado e foram abordadas por seguranças.

O caso ganhou repercussão nacional quando as imagens das câmeras de segurança foram exibidas durante reportagem no Fantástico, da Rede Globo, no último dia 4 de dezembro.

As imagens das câmeras de vigilância só foram recuperadas por meio de perícia, após terem sido apagadas.

Levantamento feito pelo delegado aponta que outros 10 casos envolvendo agressões e violência ocorreram nas dependências de lojas da mesma rede nos últimos dois anos. Três dos seguranças indiciados por tortura neste caso são policiais da Brigada Militar.

“É preciso que se saiba que existem limites às empresas de segurança. Sempre que ocorrer algum delito dentro dos estabelecimentos comerciais, o caminho correto é  informar às autoridades e não promover um justiçamento. Não se pode cometer crimes para combater crimes”, conclui o delegado.

Com relação à alegação de uma das vítimas de que houve também crime de injúria racial, o delegado informou que até agora as apurações foram incocnlusivas, mas acredita que no desenrolar da ação penal essas questões sejam melhor esclarecidas.

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