MOVIMENTO

Agricultores querem resposta do governador sobre créditos e auxílio emergencial para enfrentar a seca

Manifestantes aguardaram durante toda a manhã por uma audiência com a secretária da Agricultura, mas foram atendidos por servidores da pasta
Por Marcelo Menna Barreto e Igor Sperotto (fotos) / Publicado em 16 de fevereiro de 2022

Movimento reivindica liberação de crédito e auxílio emergencial para os pequenos produtores devido aos efeitos da estiagem

Foto: Igor Sperotto

A manhã desta quarta-feira, 16, terminou em impasse nas negociações entre a liderança do movimento de agricultores familiares e trabalhadores urbanos e Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul. Alegando falta de espaço na agenda, a secretária Silvana Covatti informou que não receberia os representantes do movimento e designou o adjunto da pasta Luiz Fernando Rodriguez Junior. Antes disso, servidores da Agricultura propuseram apresentar à comitiva um conjunto de medidas que já estariam em andamento. A coordenação do movimento rejeitou as alternativas, manteve o pedido de reunião direta com o governador e pediu a abertura dos portões para que os manifestantes possam aguardar na sombra o andamento das tratativas.

Cerca de 2 mil trabalhadores rurais ocupam o entorno da Secretaria da Agricultura desde o início da manhã. Os camponeses querem que o governador libere crédito e auxílio emergencial e R$ 23 milhões dos recursos do BNDES que estão na conta do governo do estado. Também reivindicam a criação de um Comitê Estadual da Estiagem com participação de secretarias e órgãos estaduais. A pauta do movimento se estende ao governo federal: crédito e auxílio emergencial, anistia das dívidas e a liberação de milho com valor subsidiado da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Com cantos da terra e palavras de ordem dos movimentos, os trabalhadores reivindicam a liberação de recursos para enfrentar a seca. O governo do estado deslocou forte contingente da Brigada Militar para acompanhar as manifestações.

Resistência

O movimento é organizado pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Rio Grande do Sul (Fetraf-RS), dos movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Pequenos Agricultores (MPA), Atingidos por Barragem (MAB), da União das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes) e do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea-RS), com apoio da CUT-RS.

Dos 497 municípios gaúchos, 409 já decretaram situação de emergência devido à pior estiagem das últimas décadas, que atinge as lavouras e compromete o abastecimento. Para o coordenador estadual da Fetraf-RS, Douglas Cenci, os agricultores querem ações mais efetivas do governo estadual no enfrentamento à crise. “O que está sendo feito é insuficiente”. Essa foi a posição manifestada aos assessores da Secretaria. Os agricultores informaram que só desimpedirão a avenida Getúlio Vargas após uma reunião com o governador.

Paraná e Santa Catarina

O movimento dos pequenos agricultores no Rio Grande do Sul não é isolado. Em diversos estados os produtores estão mobilizados pela liberação de créditos e auxílio emergencial para o setor por parte dos governos estaduais e federal. Em Santa Catarina e no Paraná, os movimentos de produtores rurais e urbanos interditaram rodovias para protestar contra a falta de políticas dos governos para enfrentar as perdas devido à crise hídrica.

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