SAÚDE

Informe epidemiológico revela dados alarmantes sobre o avanço da dengue no Rio Grande do Sul

Além da primeira morte por dengue neste ano, estado tem 840 casos da enfermidade confirmados. Mais da metade das suspeitas ainda não foram analisadas. Números apontam tendência de piora
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 21 de março de 2022

Foto: Cristine Rochol/PMPA

Agente da Vigilância Ambiental da DVS visitam regiões de Porto Alegre com casos confirmados para orientar a população diante da circulação viral

Foto: Cristine Rochol/PMPA

A morte por dengue de uma mulher de 76 anos no último dia 9 de março em Chapada, município do Norte do Rio Grande do Sul, intensifica os sinais de alerta no estado contra a enfermidade que é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Esse foi o primeiro óbito por dengue neste ano. Em 2020, o estado registrou seis casos fatais. Em 2021, foram 11.

Segundo o último Informativo Epidemiológico de Arboviroses da Secretaria de Saúde do estado (SES/RS), hoje 87% das cidades gaúchas estão infestadas pelo mosquito. Os dados que foram coletados entre seis e 12 de março ainda informam que, até a ocasião, havia 3.058 casos suspeitos de dengue em solo gaúcho.

Entre as suspeitas, 840 foram confirmadas. Destes, 89,6% (753) foram casos autóctones, os que que são contraídos dentro da região dos infectados. Aguardando investigação, 1.919 casos, e não confirmados são 299.

Os últimos números oficiais apresentam dados preocupantes: o baixo número das análises dos casos suspeitos de dengue, 62,8% e o alto índice de confirmação nas suspeitas analisadas, 73,7%.

Números que preocupam

Infográfico: SES/RS

Dados da Secretaria Estadual da Saúde mostram que houve um aumento de 48,4% das notificações e 1.919 novos casos são investigados

Infográfico: SES/RS

Apesar do Informativo da SES/RS não chamar a atenção para o fato que a situação em 2022 está se agravando, a análise dos últimos gráficos registra que houve um aumento de 48,4% das notificações.

De acordo com o informe, na décima Semana Epidemiológica deste ano, apesar do aumento de casos autóctones em reação à 2021, houve “uma diminuição dos casos confirmados, em comparação ao ano anterior”.

Acontece que os dados de 2021 levam em conta dados consolidados e os deste ano apresentam uma realidade na qual mais da metade das 1.919 suspeitas ainda não foram analisadas.

Segundo um estatístico ouvido pelo Extra Classe que solicitou sigilo, “se torna alarmante o fato de que o índice de confirmação passou de 57,5% em 2021 para 73,7% em 2022 e que podem aumentar com a conclusão das análises que não foram realizadas”.

Para a assessoria de imprensa da SES/RS, “a informação que o informativo traz é uma comparação de quantos casos até aquele momento (décima semana do ano) foram confirmados na série histórica. O aumento no número de notificados (ou suspeitos) pode estar atrelado a uma maior sensibilidade da rede de assistência”. Ou seja, os serviços de saúde estariam “mais sensíveis à identificação de casos suspeitos, porém sem ainda representar um aumento nos casos confirmados”.

Foto: Cristine Rochol/PMPA

Larva do Aedes aegypti localizada por agentes da Vigilância Sanitária em bairro de Porto Alegre

Foto: Cristine Rochol/PMPA

De acordo com as últimas informações, 433 municípios do Rio Grande do Sul estão sendo considerados infestados pelo Aedes aegypti. Este é o maior número de cidades nessa situação na série histórica do monitoramento, realizado desde 2000.

Sintomas

De acordo com o informativo da SES/RS os sintomas da Dengue no estado se comportam como no restante do Brasil. “Apresentaram sintomatologia clássica, com prevalência de mialgia, cefaleia, e febre na maioria dos casos”.

A morte da idosa registrada em 9 de março ocorreu seis dias após o início de sintomas com de febre, dor de cabeça (cefaleia), dor atrás dos olhos (dor retro-orbital), dor muscular (mialgia), dor nas articulações (artralgia) e náuseas. A enferma tinha comorbidades: hipertensão arterial sistêmica e doença pulmonar obstrutiva. Exames diagnosticaram a presença de vírus do sorotipo DENV-1, um dos quatro subtipos da dengue.

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