SAÚDE

Hospital público de Rondônia fará transplante de tecido ósseo

Ossos, tendões e meniscos serão fornecidos por Banco de Tecidos ao Hospital de Base, um dos poucos aptos a realizar transplantes na região
Da Redação / Publicado em 2 de agosto de 2023

Foto: Sesau Rondônia/ Divulgação

Hospital de Base Ary Pinheiro, em Rondônia, é referência em atendimento no Norte

Foto: Sesau Rondônia/ Divulgação

A capacitação de profissionais de saúde do Hospital de Base Ary Pinheiro, em Porto Velho, em Rondônia, feita no Rio de Janeiro pelo Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (Into), do Ministério da Saúde, permitirá que, a partir deste mês, o hospital de Rondônia passe a oferecer cirurgias de transplante de tecido ósseo.

O primeiro passo nesse sentido foi o credenciamento obtido pela unidade hospitalar da rede pública de saúde junto ao Sistema Nacional de Transplantes (SNT).

Durante a capacitação, os profissionais de saúde viram como é feito o processo de transplante de tecido ósseo no Into, de modo a fazer a melhor ação possível em seu estado, explicou o chefe do Banco de Tecidos do Into, Rafael Prinz.

“Embora eles tivessem conseguido a autorização do SNT, não tinham experiência para implementar o processo no dia a dia.

Por isso, foi importante que eles passassem um período conosco, até para entender como funciona o sistema, desde a captação do tecido, processamento e disponibilização. Isso é importante”, ressaltou.

Os profissionais de Rondônia acompanharam como funciona o Into na questão do transplante, desde o paciente internado, sua condução para o centro cirúrgico, o cuidado do tecido quando sai do banco e vai para o centro cirúrgico e como ocorre o procedimento, além do acompanhamento ambulatorial pós-operatório.

“São vários detalhes do dia a dia em que eles puderam se aprofundar aqui com a gente”, sustentou Prinz.

Suporte

Mesmo durante a realização do procedimento, informou o chefe do Banco de Tecidos, o Into continua dando suporte ao Hospital de Base Ary Pinheiro, informou.

“Eles já estão identificando os pacientes que estão na fila para realização do transplante, o primeiro paciente que eles vão trabalhar, e o Into dará suporte nesse processo todo de maneira continuada”, disse.

A expectativa do médico é que o primeiro transplante com tecido músculo esquelético seja feito neste mês no Ary Pinheiro.

Ele entende que isso gera possibilidade de atendimento de pacientes em seu local de origem, o que vai reduzir custos para o Sistema Único de Saúde (SUS), que deixará de arcar com despesas de hospedagem de pacientes de tratamento fora de domicílio (TFD) e dos parentes que o acompanham, para serem transplantados no Into, por exemplo.

“Tem toda uma questão de custeio nos pacientes TFD. E a gente racionaliza os recursos do SUS da melhor maneira. Nada melhor do que esse paciente estar em seu local onde vive, com todo suporte da família e, rapidamente, do serviço hospitalar onde ele operou. Estando mais perto, é muito mais fácil”, opinou.

Todo o material para transplante – ossos, tendões, meniscos e cartilagens – será fornecido pelo Banco de Tecidos do Into.

O início do serviço vai impactar a saúde pública da Amazônia, já que o procedimento não é oferecido em nenhum hospital da rede pública nos estados da Região Norte.

Posto avançado

Rafael pretende implementar, nos próximos seis meses, um posto avançado de distribuição de tecidos do Into no hospital de Rondônia, por uma questão de logística.

O Banco de Tecidos do Into atende, atualmente, toda demanda de ortopedia nacional.

Ele ressaltou que os transplantes dependem de logística e que a malha aérea para atender Rondônia em um curto espaço de tempo é limitada.

“Se eu tiver lá um posto avançado de distribuição, com controle e supervisão do Banco de Tecidos, em parceria com o hospital, a gente consegue dar um passo muito importante para escalonar esse atendimento em transplante ósseo para toda a Região Norte do país”, projeta.

Segundo ele, também faltam hospitais aptos a transplantar.

A medida também representa um incentivo para que novos hospitais da região se credenciem no SNT.

O médico do Into acredita que, com isso, será gerado mais acesso a esse tipo de procedimento pelo SUS na Região Norte.

Segundo ele, o Hospital de Base de Rondônia pode ser uma espécie de projeto modelo do Into.

“A ideia é fomentar as ações de transplante de tecido ósseo na Região Norte até 2024”, finalizou Prinz.

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