ECONOMIA

Estudo do Dieese mostra alta da cesta básica e defasagem do salário mínimo

A pesquisa mostra que produtos que compõem a cesta básica em dezembro subiram de preço em todo o país em 2020. Para sustentar a família, trabalhador deveria receber, no mínimo, R$ 5.304,00
Por César Fraga / Publicado em 11 de janeiro de 2021

 

Estudo do Dieese mostra alta da cesta básica e defasagem do salário mínimo

Foto: Alex Capuano/CUT/Divulgação

O trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em dezembro, na média, mais da metade do salário mínimo líquido para comprar os alimentos essesnciais para apenas uma pessoa adulta

Foto: Alex Capuano/CUT/Divulgação

De acordo com levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), ao longo de 2020, o preço de produtos que compõem a cesta básica sofreu aumento em todas as capitais do país. As maiores altas foram registradas em Salvador (32,89%) e Aracaju (28,75%). A capital do Paraná, Curitiba teve a menor elevação (17,76%). A constatação do Dieese é de que um trabalhador  remunerado pelo piso compromete em media mais da metade de um salário mínimo para que apenas um adulto se alimente. Em Porto Alegre, este os trabalhadores chegam a comprometer 63% do salário na cesta básica.

A última pesquisa realizada entre novembro e dezembro de 2020, o custo da cesta foi maior em nove cidades e menor, em oito; com destaque para as elevações de João Pessoa (4,47%), Brasília (3,35%) e Belém (2,96%). As maiores diminuições foram registradas em Campo Grande (-2,14%) e Salvador (-1,85%).

Em São Paulo, capital onde foi realizada coleta presencial desde o início da pandemia,a cesta custou R$ 631,46, com alta de 0,36% na comparação com novembro. Em 2020, o preço do conjunto de alimentos subiu 24,67%.

Mínimo é cinco vezes menor do que deveria

Com base na cesta mais cara que, em dezembro, foi a de São Paulo, o Dieese estima que o salário mínimo necessário deveria ser equivalente a R$ 5.304,90, o que corresponde a 5,08 vezes o mínimo vigente até o 31 de dezembro ( R$ 1.045,00). O cálculo é feito levando-se em consideração uma família de quatro pessoas, com dois adultos e duas crianças.

Quando se compara o custo da cesta com o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social (alterado para 7,5% a partir de março de 2020, com a Reforma da Previdência), verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em dezembro, na média, 56,57% do salário mínimo líquido para comprar os alimentos básicos para uma pessoa adulta. Em novembro, o percentual foi de 56,33%.

Fonte: Dieese

Fonte: Dieese

Principais variações em 2020

Carne, leite, manteiga , arroz, soja e batata, foram alguns dos produtos considerados vilões na alta de preços, em 2020.

A maior parte dos produtos apresentou elevação de preços em todas as capitais, causada, principalmente, pela desvalorização cambial, pelo alto volume das exportações e por fatores climáticos, em decorrência de longos períodos de estiagem ou de chuvas intensas.

O estudo

A Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (PNCBA) é um levantamento contínuo dos preços de um conjunto de produtos alimentícios considerados essenciais. A PNCBA foi implantada em São Paulo em 1959, a partir dos preços coletados para o cálculo do Índice de Custo de Vida (ICV) e, ao longo dos anos, foi ampliada para outras capitais. Hoje, é realizada em 17 Unidades da Federação e permite a comparação de custos dos principais alimentos básicos consumidos pelos brasileiros.

Os itens básicos pesquisados foram definidos pelo Decreto Lei nº 399, de 30 de abril de 1938, que regulamentou o salário mínimo no Brasil e está vigente até os dias atuais. O Decreto determinou que a cesta de alimentos fosse composta por 13 produtos alimentícios em quantidades suficientes para garantir, durante um mês, o sustento e bem-estar de um trabalhador em idade adulta. Os bens e quantidades estipuladas foram diferenciados por região, de acordo com os hábitos alimentares locais.

O banco de dados da PNCBA apresenta os preços médios, o valor do conjunto dos produtos e a jornada de trabalho que um trabalhador precisa cumprir, em todas as capitais, para adquirir a cesta. Os dados permitem a todos os segmentos da sociedade conhecer, estudar e refletir sobre o valor da alimentação básica no país.

ANÁLISE – Dezembro – Cesta Básica – Tomada especial de preços de dezembro de 2020 e do ano de 2020

TABELAS – Salário Mínimo nominal e necessário

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