ECONOMIA

Inflação: IPCA-15 de fevereiro é o maior desde 2017

Preços ao consumidor medidos pelo IBGE apresentaram queda em relação a janeiro deste ano, mas superam média de 12 meses, puxados por transportes e educação
Por Gilson Camargo / Publicado em 24 de fevereiro de 2021
Transportes foram impactados pela alta nos preços da gasolina, que subiram pelo oitavo mês consecutivo, e do óleo diesel, etanol e do gás veicular

Foto: Rovena Rosa/ Agência Brasil

Transportes foram impactados pela alta nos preços da gasolina, que subiram pelo oitavo mês consecutivo, e do óleo diesel, etanol e do gás veicular

Foto: Rovena Rosa/ Agência Brasil

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) medido pelo IBGE cresceu 0,48% em fevereiro, 0,30 ponto percentual (p.p.) abaixo da taxa registrada em janeiro (0,78%). Esse é o maior resultado para um mês de fevereiro desde 2017, quando o índice foi de 0,54%.

No ano, o IPCA-15 acumula alta de 1,26% e, nos últimos 12 meses, a variação acumulada foi de 4,57%, acima dos 4,30% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em fevereiro de 2020, a taxa havia sido de 0,22%.

Quadro: IBGE

Quadro: IBGE

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, seis apresentaram alta em fevereiro, sendo que o maior impacto (0,22 p.p.) veio dos Transportes, que aceleraram em relação ao resultado de janeiro (0,14%). Já a maior variação veio de Educação (2,39%), que contribuiu com 0,15 p.p. no resultado do mês. O grupo Alimentação e bebidas desacelerou, passando de 1,53% em janeiro para 0,56% em fevereiro, com impacto de 0,12 p.p.

Já entre as quedas, o destaque foi Habitação (-0,74%), que havia apresentado alta de 1,44% no mês anterior. Os demais grupos ficaram entre a queda de 0,09% em Comunicação e a alta de 1,01% em Artigos de residência.

Quadro: IBGE

Quadro: IBGE

Os Transportes (1,11%) em fevereiro foram impactados pela alta nos preços dos combustíveis (3,34%). O maior impacto individual no índice do mês (0,17 p.p.) veio da gasolina (3,52%), cujos preços subiram pelo oitavo mês consecutivo. Também houve altas nos preços do óleo diesel (2,89%), do etanol (2,36%) e do gás veicular (0,61%).

Ainda em Transportes, destacam-se também as altas dos automóveis novos (1,12%) e usados (0,68%), bem como das motocicletas (1,41%). No caso do subitem ônibus urbano (0,08%), a variação positiva é consequência do reajuste de 8,70% no preço das passagens em Recife (1,45%), em vigor desde 7 de fevereiro.

Por outro lado, tiveram quedas transportes por aplicativo (-9,16%) e as passagens aéreas (-2,54%), com um impacto conjunto de -0,03 p.p.

No grupo Educação (2,39%), a maior contribuição veio dos cursos regulares (2,97%). Além dos reajustes habitualmente praticados no início do ano letivo, houve a retirada de descontos praticados por algumas instituições de ensino ao longo de 2020, no contexto da pandemia de COVID-19. As maiores variações vieram da pré-escola (6,14%), do ensino fundamental (4,71%) e do ensino médio (4,23%). O ensino superior e a pós-graduação apresentaram variações de 0,91% e 2,27%, respectivamente.

Redução nos preços da alimentação e bebidas

Descontrole dos preços dos alimentos em janeiro recua em fevereiro. Cebola subiu quase 20% no mês

Foto: Igor Sperotto

Descontrole dos preços dos alimentos em janeiro recua em fevereiro. Cebola subiu quase 20% no mês

Foto: Igor Sperotto

Em Alimentação e bebidas (0,56%), houve desaceleração em relação ao mês anterior (1,53%). Os alimentos para consumo no domicílio passaram de 1,73% em janeiro para 0,56% em fevereiro, influenciados pela queda nos preços da batata-inglesa (-5,44%), do leite longa vida (-1,79%), do óleo de soja (-1,73%) e do arroz (-0,96%). No lado das altas, o destaque foi a cebola, cujos preços subiram 19,17%.

A alimentação fora do domicílio também desacelerou, registrando 0,56% em fevereiro (ante 1,02% em janeiro). O lanche (1,20%) e a refeição (0,37%) tiveram variações menores que as do mês anterior, quando subiram 1,45% e 0,81%, respectivamente.

O maior impacto negativo entre os grupos (-0,12 p.p.) veio de Habitação (-0,74%), devido à queda nas tarifas de energia elétrica (-4,24%). No período de referência do IPCA-15, vigorou a bandeira amarela, que acrescenta R$ 1,343 na conta de luz a cada 100 quilowatts-hora consumidos. Já no período base, estiveram em vigor tanto a bandeira amarela (na primeira quinzena de janeiro) quanto a bandeira vermelha patamar 2 (na segunda quinzena de dezembro), cujo acréscimo é de R$ 6,243.

Ainda em Habitação, destaca-se a alta de 3,18% no gás de botijão, que contribuiu com 0,04 p.p. no resultado do mês. Outros itens com variação positiva foram o gás encanado (1,19%) e a taxa de água e esgoto (0,45%).

Quadro: IBGE

Quadro: IBGE

No caso do gás encanado, foram verificados reajustes nas seguintes áreas: São Paulo (0,78%): reajuste médio de 0,79%, a partir de 15 de janeiro; Rio de Janeiro (1,37%): reajuste de 3,50%, vigente desde 1º de fevereiro; Curitiba (3,18%): reajuste de 8,07%, em vigor desde 1º de fevereiro.

Já para a taxa de água e esgoto, os reajustes ocorreram nas seguintes regiões: Recife (1,51%): reajuste de 2,40%, válido desde 3 de janeiro; Fortaleza (6,12%): reajuste de 12,25%, a partir de 29 de janeiro; e Curitiba (1,28%): reajuste de 5,11%, em vigor desde 5 de fevereiro.

No que diz respeito aos índices regionais, à exceção de Goiânia (-0,03%), todas as regiões pesquisadas apresentaram variação positiva em fevereiro. O maior resultado foi observado na região metropolitana de Fortaleza (0,95%), especialmente em função das altas nos cursos regulares (8,86%). Na capital goiana, o índice foi impactado principalmente pela queda na energia elétrica (-4,88%).

Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados no período de 15 de janeiro a 11 de fevereiro de 2021 (referência) e comparados com aqueles vigentes de 12 de dezembro de 2020 a 14 de janeiro de 2021 (base).O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e Goiânia. A metodologia utilizada é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica.

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