ECONOMIA

Cesta básica segue cada vez mais cara mês a mês

Em Porto Alegre, o trabalhador compromete 63% do salário mínimo e precisa trabalhar mais de 133 horas para adquirir itens básicos
Por César Fraga / Publicado em 6 de abril de 2022

Cesta básica fica mais cara mês a mês

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Nesta quarta-feira, 6, o Departamento Intersindical de Economia e Estatística (Dieese) divulgou os números da Cesta Básica de março de 2022. O valor do conjunto dos alimentos da cesta aumentou em todas as capitais. As altas mais expressivas ocorreram no Rio de Janeiro (7,65%), em Curitiba (7,46%), São Paulo (6,36%) e Campo Grande (5,51%). Porto Alegre é a quarta cesta básica mais cara entre as capitais.

A menor variação foi registrada em Salvador (1,46%). São Paulo foi a capital onde a cesta apresentou o maior custo (R$ 761,19) em março, seguida pelo Rio de Janeiro (R$ 750,71), por Florianópolis (R$ 745,47) e Porto Alegre (R$ 734,28).

Nas cidades do Norte e Nordeste, onde a composição da cesta é diferente das demais capitais, os menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$ 524,99), Salvador (R$ 560,39) e Recife (R$ 561,57).

A comparação do valor da cesta em 12 meses, ou seja, entre março de 2022 e março de 2021, mostrou que todas as capitais tiveram alta de preços, com variações que oscilaram entre 11,99%, em Aracaju, a 29,44%, em Campo Grande.

Porto-alegrense compromete mais de 63% do salário

Na capital gaúcha, com o valor da cesta básica em R$ 734,28, um trabalhador compromete 133 horas e 17 minutos para adquiri-la, comprometendo 63% do salário mínimo líquido. De acordo com os técnicos do Dieese, o salário mínimo necessário deveria ser de R$ 6.394,76, o que equivale a mais de cinco vezes o mínimo vigente, que é de R$ 1.212,00.

Na passagem de fevereiro para março, o valor do conjunto de bens alimentícios básicos registrou alta de 5,51%. Os 13 produtos que compõem o conjunto de gêneros alimentícios essenciais previstos ficaram mais caros: o tomate (23,50%), o leite (9,84%), a banana (6,60%), o pão (6,13%), a batata (5,75%), o óleo de soja (5,30%), a farinha de trigo (5,30%), o arroz (5,28%), a carne (2,34%), o café (2,16%), a manteiga (1,58%), o feijão (1,07%) e o açúcar (0,89%).

Nos primeiros três meses do ano, a cesta acumula alta de 7,52%. Dos 13 produtos pesquisados, 12 registraram alta: a batata (30,64%), a banana (19,44%), no café (12,14%) o leite (11,58%), o óleo de soja (9,36%), a farinha de trigo (9,36%) o tomate (8,69%) o pão (7,11%), a carne (4,35%), o feijão (3,55%) o arroz (2,81%) e o açúcar (1,12%). A manteiga foi o único produto a registrar queda (-0,78%). Em doze meses, a cesta básica registrou alta de 17,79%, 10 itens tiveram aumento de preços, sendo as maiores altas verificadas no tomate (80,86%), no café (64,69%) e no açúcar (49,50%). O arroz (-18,70%), a banana (-4,80%) e o feijão (-2,09%) ficaram mais baratos.

Em doze meses, a cesta básica registrou alta de 17,79%, 10 itens tiveram aumento de preços, sendo as maiores altas verificadas no tomate (80,86%), no café (64,69%) e no açúcar (49,50%). O arroz (-18,70%), a banana (-4,80%) e o feijão (-2,09%) ficaram mais baratos.

O pão menos nosso de cada dia

O preço do quilo do pão francês encareceu em todas as cidades. O motivo foi a redução da oferta de trigo no mercado externo, uma vez que Rússia e Ucrânia estão entre os maiores produtores mundiais do grão. As altas mais expressivas foram observadas em Aracaju (6,63%), Goiânia (6,36%), Porto Alegre (6,13%) e Natal (5,87%). Também a farinha de trigo, coletada na região Centro-Sul, apresentou elevações expressivas, com destaque para as taxas de Vitória (9,30%), Campo Grande (8,90%), Goiânia (5,75%), e Porto Alegre (5,30%).

Feijão raro e caro

O preço do feijão também aumentou em todas as capitais. Para o tipo carioquinha, pesquisado no Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em Belo Horizonte e São Paulo, as altas oscilaram entre 1,43%, em Recife, e 14,78%, em Belo Horizonte. Já o preço do feijão preto, pesquisado nas capitais do Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro, apresentou taxas entre 1,07%, em Porto Alegre, e 6,80%, em Vitória. Mesmo com a fraca demanda interna, houve elevação dos preços devido à baixa oferta do grão carioca e à redução da área plantada. Em relação ao tipo preto, a alta verificada nas cidades pode estar associada ao crescimento da procura nos centros consumidores.

Até a mandioca

O valor médio da farinha de mandioca, pesquisada no Norte e Nordeste, teve elevação em todas as cidades. As maiores variações foram registradas em Aracaju
(13,52%), João Pessoa (8,94%) e Fortaleza (4,89%). A menor oferta da raiz e o clima desfavorável elevaram os preços da farinha no varejo.

Tomate nas alturas

O preço do quilo do tomate apresentou alta em 16 capitais, exceto em Aracaju (-2,52%). As principais elevações ocorreram em Curitiba (57,73%), Campo Grande
(51,74%), Rio de Janeiro (47,31%), Florianópolis (36,24%) e São Paulo (35,36%). O menor volume de tomates ofertados, com a aproximação do final da safra de
verão, provocou o aumento nos preços do fruto.

Custos de produção impactam no leite

O leite integral registrou elevação de preços em 16 cidades, em março. As maiores altas aconteceram em Belo Horizonte (13,09%), Porto Alegre (9,84%), Vitória
(9,17%), Curitiba (8,73%) e Goiânia (8,37%). O aumento nos custos da produção de leite, a diminuição nos estoques de derivados lácteos e a competição por matériaprima entre as indústrias sustentaram a elevação nas cotações do leite UHT.

Açúcar com preço amargo

Em março de 2022, o preço do quilo do açúcar subiu em 15 capitais, não variou em Brasília e diminuiu em Vitória (-0,77%). As altas mais importantes aconteceram em
Salvador (3,13%), Natal (2,31%) e Belo Horizonte (1,71%). A entressafra de cana reduziu a oferta e elevou os valores no varejo.

Óleo de soja ou biocombustível

O óleo de soja registrou aumento em todas as capitais, entre fevereiro e março. As variações positivas oscilaram entre 2,81%, em Belém, e 15,89%, em Salvador. Os aumentos no mercado externo e no varejo podem ser explicados pelo alto preço do petróleo, que torna vantajosa a produção de biocombustíveis. Além disso, houve aumento da demanda externa por óleo de soja, devido à redução da produção de óleo de girassol na Ucrânia e de óleo de palma na Indonésia.

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