ECONOMIA

Alimentação eleva inflação de novembro acima do esperado

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo Instituto, oito registraram alta em novembro. A maior variação  veio do setor de Alimentação e bebidas
Por César Fraga / Publicado em 28 de novembro de 2023
Alimentação eleva inflação de novembro acima do esperado

Foto: Marcelo Camargo /Agência Brasil

Dos 0,82% registrados no grupo Alimentação e bebidas, foi justamente a alimentação no domicílio que subiu mais

Foto: Marcelo Camargo /Agência Brasil

De acordo com prévia da inflação de novembro via Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgado pelo Instituto brasileiro de economia e estatística (IBGE) os alimentos são os vilões da aceleração inflacionária no penúltimo mês no ano. Os dados foram divulgados na manhã desta terça-feira, 28.

O IPCA-15 foi de 0,33% em novembro e ficou 0,12 % acima do resultado de outubro, que foi de 0,21%. No ano, o IPCA-15 acumula alta de 4,30% e, em 12 meses, de 4,84%, abaixo dos 5,05% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em novembro de 2022, a taxa foi de 0,53%.

Se a alta acumulada nacional ficou em 4,30%, em Porto Alegre foi de 5,08%. Porém, registra queda em relação ao mês anterior. A variação de novembro registra 0,22%, enquanto em outubro foi de 0,27%. Uma diferença de 0,5% a menor.

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo Instituto, oito registraram alta em novembro.

A maior variação  veio do setor de Alimentação e bebidas, registrando 0,82%. É também o maior  e o maior impacto, 0,17%.

Os grupos Despesas pessoais (0,52%) e Transportes (0,18%) também registraram alta e contribuíram com, respectivamente, 0,05% e 0,04%.

Já no campo das quedas, o grupo Comunicação recuou pelo terceiro mês consecutivo, com menos 0,22% e menos 0,01%. As demais variações ficaram entre o 0,03% de Educação e o 0,55% de Vestuário.

Comer em casa ficou mais caro

Dos 0,82% registrados no grupo Alimentação e bebidas, foi justamente a alimentação no domicílio que subiu mais, frustrando a estratégia dos consumidores para tentar escapar do alto comprometimento da renda com restaurantes. Comer em casa ficou 1,06% mais caro em novembro. O fenômeno ocorre depois de cinco quedas consecutivas.

Este resultado vem na esteira das altas da cebola (30,61%), batata-inglesa (14,01%), arroz (2,60%), frutas (2,53%) e das carnes (1,42%). Já os preços do feijão-carioca (-4,25%) e do leite longa vida (-1,91%) caíram. A alimentação fora do domicílio (0,22%) registrou resultado similar ao de outubro (0,21%), por conta do subitem refeição (0,22%), que apresentou a mesma variação do mês anterior.

O lanche também voltou a encarecer, registrando 0,35%) depois de queda de 0,11% em outubro.

O grupo Despesas pessoais (0,52%) apresentou resultado superior ao do mês anterior (0,31%), influenciado pelas altas do pacote turístico (2,04%), da hospedagem (1,27%) e do serviço bancário (0,63%).

Passagens aéreas subiram 19,03%

No grupo dos Transportes (0,18%), o subitem passagem aérea subiu 19,03% e teve o maior impacto individual no índice do mês (0,16 p.p.). O subitem táxi também apresentou alta, de 2,60%, devido aos reajustes de 20,84% em Porto Alegre (16,67%), a partir de 9 de outubro, e de 6,67% em São Paulo (3,76%), a partir de 28 de outubro.

O subitem ônibus urbano (-1,35%) sofreu reajuste de 6,12% em Salvador (0,44%), em 13 de novembro. Em combustíveis (-2,11%), houve queda no etanol (-2,49%), na gasolina (-2,25%) e no gás veicular (-0,57%), enquanto o óleo diesel (1,12%) subiu.

Ainda em Transportes, em função da gratuidade nos transportes metropolitanos concedida a toda a população de São Paulo (0,65%), nos dias de realização das provas do ENEM (05/11 e 12/11), foi registrada a redução de 6,25% nos subitens trem, metrô, ônibus urbano e integração de transporte público.

Eletricidade, água e esgoto

No grupo Habitação (0,20%), o resultado de energia elétrica residencial (0,42%) é decorrente de reajustes em três áreas de abrangência do índice: de 9,65% em Brasília (6,70%), a partir de 22 de outubro; de 5,91% em Goiânia (7,41%), a partir de 22 de outubro; e de 6,79% em uma das concessionárias pesquisadas em São Paulo (-0,03%), a partir de 23 de outubro.

Já alta da taxa de água e esgoto (0,45%) é decorrente de reajustes em duas áreas: de 14,43% em Fortaleza (7,67%), a partir de 29 de outubro e de 6,75% em Salvador (2,23%), a partir de 25 de setembro. Gás encanado (0,13%) também apresentou alta por conta do reajuste de 0,92% no Rio de Janeiro (0,42%) a partir de 01 de novembro.

Quanto aos índices regionais, nove áreas tiveram alta em novembro. A maior variação foi registrada em Brasília (0,61%), por conta das altas da passagem aérea (13,47%) e da energia elétrica residencial (6,70%). Já o menor resultado ocorreu em Salvador (-0,12%), influenciado pela queda nos preços da gasolina (-4,00%).

Como é feito o estudo

De acordo com o IBGE, para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados entre 14 de outubro e 14 de novembro (referência) e comparados com aqueles vigentes de 15 de setembro a 13 de outubro (base). O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários-mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia. A metodologia é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica.

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