POLÍTICA

General Heleno insinua golpe após decisão do STF

Ministro do Gabinete de Segurança Institucional afirma em nota que pedido de apreensão de celular de Bolsonaro terá “consequências imprevisíveis para estabilidade do país”
Por Gilson Camargo / Publicado em 22 de maio de 2020
Saudosista da ditadura militar, general faz ameaças veladas contra o STF que encaminhou pedido de quebra de sigilo telefônico de Bolsonaro

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

Saudosista da ditadura militar, general faz ameaças veladas contra o STF que encaminhou pedido de quebra de sigilo telefônico de Bolsonaro

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, reagiu com ameaças veladas de golpe militar à decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, que pediu à Procuradoria Geral da República (PGR) a apreensão do celular do presidente da República. As declarações do militar coincidem ainda com a decisão do decano do Supremo de tornar pública a gravação da reunião ministerial com novas provas sobre crimes de responsabilidade do presidente Bolsonaro.

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O pedido do ministro do STF atendeu à solicitação de parlamentares e partidos políticos no âmbito do inquérito que investiga a interferência de Jair Bolsonaro (sem partido) na Polícia Federal para blindar o governo e familiares contra investigações em curso. Por meio de nota do GSI, divulgada nesta sexta-feira, 22, Heleno afirma que a eventual apreensão do celular do presidente seria “inconcebível” e teria “consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional”.

A abertura de três notícias crimes pelo ministro Celso de Mello, relator do inquérito no STF, determinando a perícia nos celulares de Bolsonaro e do filho dele, Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro, além de depoimento do presidente, é uma medida burocrática, de praxe no rito processual da Corte. A decisão sobre apreender ou não os aparelhos e determinar o depoimento do presidente cabe ao Procurador-Geral da República, Augusto Aras.

Para o general Heleno, no entanto, a apreensão representaria uma afronta ao presidente e interferência “inadmissível” de outro poder na privacidade de Bolsonaro e na segurança institucional do país. “O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República alerta as autoridades constituídas que tal atitude é uma evidente tentativa de comprometer a harmonia entre os poderes e poderá ter consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional”, afirma na nota.

Ministros do STF repudiaram as declarações do ministro do GSI, que provocaram ainda a reação de diversas instituições. O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, sugeriu que o general deixe o ano de 1964 e buscar contribuir para o país no tempo presente. “As instituições democráticas rechaçam o anacronismo de sua nota. Saia de 64 e tente contribuir com 2020, se puder. Se não puder, #ficaemcasa”, afirmou.

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