POLÍTICA

Oposição faz ato contra nazismo e racismo em frente à Câmara de Porto Alegre

A manifestação foi organizada em resposta à confusão generalizada ocorrida durante a votação do veto do passaporte vacinal depois que uma suástica foi erguida nas galerias
Por César Fraga* / Publicado em 25 de outubro de 2021
Dezenas de manifestantes se reuníram wm frente à Câmara Municipal contra grupos extremistas de direita que fizeram apologia ao nazismo e ao racismo na semana passada

Foto: Cristiano Santos/Divulgação/Ass Câmara

Manifestantes se reuniram em frente à Câmara Municipal contra grupos extremistas antivacina de direita que fizeram apologia ao nazismo e ao racismo na semana passada

Foto: Cristiano Santos/Divulgação/Ass Câmara

No começo da tarde desta segunda-feira, 25, ocorreu um Ato de Repúdio ao Fascismo e Racismo em frente à Câmara Municipal de Porto Alegre. Os organizadores – partidos da oposição – definem a ação como sendo uma resposta democrática aos acontecimentos que ocorreram na sessão da última quarta-feira, 20. Estiveram presentes militantes dos movimentos sociais e partidos políticos.

Naquele dia, um grupo antivacina que se define como extrema direita, com o intuito de acompanhar a votação do veto do prefeito Sebastião Melo ao passaporte vacinal, participava da sessão.

A confusão iniciou após a identificação de um cartaz contendo uma suástica nazista. O cartaz foi retirado do grupo pelo vereador Leonel Radde (PT). Durante a confusão também ocorreram manifestações alegadas racistas pelas vereadoras Laura Sito(PT), Bruna Rodrigues(PCdoB) e Daiana Santos(PCdoB), que foram ofendidas por uma das manifestantes.

A vereadora Laura Sito (PT) afirma que sofreu ofensas racistas por parte de mulheres que protestavam contra o passaporte vacinal. Laura estava no plenário, distante da confusão, quando ocorreram os xingamentos. “Há um contexto que faz ela se sentir à vontade de falar daquela forma para nós, vereadoras negras, e não para os vereadores brancos que estavam no meio da confusão de onde elas foram tiradas”, explica.

Caso de polícia

Na quinta-feira, 21 oito vereadores e vereadoras fizeram uma denúncia na Delegacia de Combate à Intolerância. Foram registradas três ocorrências: por apologia ao nazismo, por racismo contra as vereadoras negras e por agressão a um assessor do vereador Aldacir Oliboni (PT).

Na ocasião, a delegada Andréa Mattos, titular da delegacia de Combate à Intolerância, abriu inquéritos para apurar os fatos. De acordo com a delegada, um dos indivíduos flagrados na confusão esteve envolvido em inquérito que investigou o ato de 21 de abril no Parcão, quando manifestantes usaram roupas semelhantes às da Ku Klux Klan. Ela também afirma que também há indícios que estabelecem ligações com um grupo supremacista branco dos Estados Unidos.

O começo de tudo

Na segunda-feira, 18, conforme relato do vereador Leonel Radde (PT), esses manifestantes já haviam comparecido à Câmara e feito diversas provocações. Fingiam que tomavam água para não usar máscara. Vestiam camisetas com dizeres provocativos e identificados com supremacistas brancos dos EUA.  Houve adiamento da votação. Na quarta-feira, dia de apreciação do veto, sessão foi pontuada por diversas provocações. No momento em que o vereador Janta se manifestava, uma suástica foi erguida no meio da plateia e a presidente da Casa em exercício, a vereador Idenir Cechim(MDB), requisitou a retirada da placa e da pessoa que a segurava.

Nisso, o vereador Leonel Radde se dirigiu até a pessoa para que ela fosse identificada, uma vez que o que estava acontecendo era crime e era necessário fazer a apreensão do material, que era o cartaz com a suástica. De imediato, a mulher fugiu sem ser identificada. Neste momento Leonel disse que o cartaz precisava ser apreendido. “Neste momento, o rapaz que é ex-cargo de confiança na Prefeitura – foi desligado poucos dias antes do episódio – se negou a entregar o cartaz. Momento em que inicia a confusão e as agressões deste grupo aos vereadores”, relata.

Animosidade entre vereadores

“Tive uma assessora agredida. Um assessor do vereador Aldacir Oliboni(PT) também sofreu agressões. Tudo está filmado. Uma vergonha. Tudo isso encampado e apoiado pelas vereadoras Nádia, que se diz comandante e vereadora Fernanda Barth. No grupo também fazia parte um homem que participou do espancamento de professores em frente à Prefeitura alguns anos atrás e foi preso por isso. Havia no grupo pessoas com apologia aos supremacistas brancos dos EUA, que foi utilizada na invasão do Capitólio, nos EUA”, denuncia Leonel.

“O interessante é que a vereadora Barth diz que o passaporte vacinal é que é nazifacista e que por isso organizou essa manifestação, só que em Israel se exige passaporte vacinal. Então eu gostaria que ela se manifestasse em relação a isso, já que ela considera a obrigatoriedade do passaporte uma iniciativa nazifascista, ela sendo a presidente da frente parlamentar Brasil-Israel não poderia estar minimizando o termo e vulgarizando assim essa questão”, provoca.

“Agora, as vereadoras Nádia e Barth dizem que pedirão a cassação do meu mandato e que fizeram vários boletins de ocorrência. A situação é esta: os verdadeiros nazifascistas querendo inverter o jogo”, polemiza Radde.

Em sua conta no Twitter, a vereadora Fernanda Barth rebate as acusações: “a ultra esquerda (sic) da Câmara de Porto Alegre continua mentindo sobre os fatos que aconteceram na última quarta-feira. Parece que dobraram a aposta na mentira que estão contando. Narrativa que não se sustenta de forma alguma perante a lei, pois está tudo filmado em vários ângulos”.

*Com informações de Matheus Chaparini 

Leia também:

Polícia abre investigação sobre cartaz com suástica na câmara

Comentários