SAÚDE

Covid-19 provoca mais de 400 mortes em 24 horas

Enquanto o Palácio do Planalto articula reforma ministerial para acomodar aliados contra impeachment, a pandemia avança no país – que registrou total de 3.313 mortes e 49,5 mil casos confirmados
Por Gilson Camargo / Publicado em 23 de abril de 2020
Mutirão de empregos promovido pelo sindicato dos comerciários de São Paulo. Ministério da Economia afirma que manteve 3,5 milhões de postos de trabalho com R$ 6 bilhões de complementação de renda

Foto: Rovena Rosa/ Agência Basil

Mutirão de empregos promovido pelo sindicato dos comerciários de São Paulo. Ministério da Economia afirma que manteve 3,5 milhões de postos de trabalho com R$ 6 bilhões de complementação de renda

Foto: Rovena Rosa/ Agência Basil

Um requerimento apresentado nesta quinta-feira, 23, ao Supremo Tribunal Federal (STF) pede que os ministros obriguem o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM) a analisar um pedido de impeachment de Jair Bolsonaro (sem partido). O requerimento é dos advogados José Rossini Campos do Couto Corrêa e Thiago Santos Aguiar de Pádua, autores da ação contra o presidente da República que tem relatoria do ministro Celso de Mello.

Na quarta-feira, 22, o ex-ministro do STF, Ayres Brittoafirmou que o presidente pode sofrer um processo de impeachmentem razão da conduta em meio a pandemia de coronavírus por ter violado a Constituição ao participar de atos que pediram o fechamento do Congresso e do Supremo.

Além desses, ao menos 15 pedidos de impeachment já foram formulados por parlamentares e entidades representativas contra Bolsonaro, provocando reações no Palácio do Planalto. Sob pressão após participar de manifestações antidemocráticas, o presidente foi aconselhado pelo gabinete do ódio e ministros militares a promover uma reforma ministerial para acomodar aliados do Centrão – lideranças partidárias e parlamentares lobistas do baixo clero do Congresso.

O ministério mais visado é a superpasta da Economia, de Paulo Guedes, que pode ser fatiado para acalmar o Centrão. Com isso, o governo pretende reabrir o ministério do Trabalho para acomodar Roberto Jefferson, cacique do PTB. Aliado de Fernando Collor durante o impeachment do ex-presidente, delator do Mensalão condenado por corrupção, Jefferson reapareceu na cena política como suposto aliado e conselheiro de Bolsonaro. Sustenta que Rodrigo Maia teria um plano para derrubar o presidente da República.

O ministro da Saúde (C), Nelson Teich, defendeu ação planejada dos estados para relaxar isolamento social

Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil

O ministro da Saúde (C), Nelson Teich, defendeu ação planejada dos estados para relaxar isolamento social

Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil

PANDEMIA – Enquanto isso, o número de infectados e mortos pela pandemia de coronavírus cresce sem parar em todos os estados. O país é o décimo-primeiro em em mortes por coronavírus no mundo e o que menos realiza testes nesse ranking. A relação de testes realizados por milhão de habitantes no Brasil é inexpressiva se comparada com outros países. Aqui são realizados 1,3 mil testes por milhão de habitantes. A Holanda, por exemplo, realiza 10 mil testes por milhão.

Os ministros Wagner Rosário (Controladoria-Geral da União), Bento Albuquerque (Minas e Energia), Nelson Teich (Saúde) e Braga Netto (Casa Civil) e o advogado-geral da União, André Luiz Mendonça, participam da coletiva de imprensa no Palácio do Planalto nesta tarde. O encontro foi reservado à divulgação de ações de governo contra a pandemia. Os ministros têm evitado uma abordagem mais detida sobre infectados e mortos, passaram a atacar jornalistas nas coletivas e até a sugerir pautas mais “positivas” em um cenário que mostra o descontrole da doença em todo o país.

Braga Netto destacou que 26.573 pessoas conseguiram se recuperar da Covid-19 e outras 19.606 estão em acompanhamento. A Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia informou que o programa de redução temporária de salários e de suspensão de contratos de trabalho durante a pandemia ajudou a manter mais de 3,5 milhões de empregos com complementação de renda superior a R$ 6 bilhões.

De acordo com levantamento do ministério da Saúde, somente nas últimas 24 horas foram registradas 407 mortes. Isso representa um aumento de 14% em relação ao último boletim epidemiológico e é o maior número de óbitos registrados em um dia desde março. No total, o país soma 3.313 óbitos e 49.492 mil casos confirmados da doença.

São Paulo é o estado com maior incidência de mortes pela covid-19, com 1.345. Rio de Janeiro registrou 530, Pernambuco, 312; Ceará, 266; e Amazonas, 234. Com 211 óbitos nas últimas 24 horas, o estado de São Paulo registra uma vítima fatal por município em um total de 114 e tem ainda 16.740 casos confirmados da doença, distribuídos em 256 municípios. Fora da capital, o contágio caiu de 87% para 67% neste mês. Por outro lado número de óbitos cresceu 21 vezes no interior, litoral e outras cidades da Grande São Paulo. Balanço da secretaria estadual da Saúde desta quinta-feira aponta 433 mortes nessas regiões. No dia 1º de abril, eram 20 mortes fora da capital. Também há um aumento expressivo nas internações, com 7 mil suspeitos e confirmados nos hospitais, sendo 2.807 em UTI e 4.196 em enfermaria. A taxa de ocupação dos leitos para atendimentos Covid-19 em UTI está em 55,3% na capital e em 74% na Grande São Paulo.

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